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O Guerreiro Etrusco que afinal era uma Princesa

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Em Setembro passado, uma equipa de arqueólogos fez uma importante descoberta na Toscânia, Itália: um túmulo completamente intacto, recortado na rocha, datado de 600 a. C. O túmulo faz parte da necrópole de Tarquínia, Património Mundial da Unesco, sendo apenas um dos mais de seis mil túmulos escavados na rocha, pertencentes à civilização etrusca, que floresceu em Itália até à sua absorção pela Romana, por volta de 400. A. C. No entanto, ao contrário desta civilização, os Etruscos não deixaram documentos escritos, daí que os seus monumentos funerários sejam bastante importantes para o seu estudo.

Esta tumba em particular contém aquilo que parecia ser o corpo de um príncipe etrusco segurando uma lança, juntamente com as cinzas de sua esposa. Todavia, análises mais pormenorizadas, nomeadamente às ossadas, permitiram concluir que o príncipe guerreiro era, afinal, uma princesa.

Alessandro Mandolesi, arqueólogo da Universidade de Turim, refere que há dois túmulos jacentes na câmara subterrânea. Numa delas, estava um esqueleto com uma lança e, na outra, um esqueleto parcialmente incinerado. Para além disso, encontraram várias jóias e uma baixa banhada a bronze, que poderia ter pertencido a uma mulher. Numa das paredes interiores, pendurado em prego, um frasco pintado a óleo.

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Embora empunhando uma lança, o esqueleto pertencia a uma mulher de cerca de 35-40 anos de idade, enquanto o segundo esqueleto pertencia a um homem. As explicações relativamente à lança são, no entanto, contraditórias. De acordo com Mandolesi, poderia simbolizar a união entre os dois falecidos. Em contrapartida, Judith Weingarten, aluna da British School, em Atenas, considera que a lança poderá simbolizar antes o elevado estatuto social da mulher. Nesta civilização, ao contrário da grega, na qual as mulheres levavam uma vida regrada, as etruscas, de acordo com o historiador Teopompo, levavam uma vida despreocupada, trabalhando fora de casa, bebendo, podendo ter filhos de diferentes homens, não chegando a conhecer inclusive a identidade de seus pais. De qualquer das formas, defende a necessidade de análises aos materiais, nomeadamente aos restos ósseos, de forma a permitir conclusões mais rigorosas, que não resultantes da observação dos objectos presentes.

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Pedro Urbano
Nasceu em Lisboa em 1979, tendo frequentado o antigo Liceu de Setúbal. Licenciou-se em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é actualmente doutorado em História pela mesma Universidade, onde também concluiu o mestrado em História Contemporânea.

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