O Ditado “Burro velho não aprende línguas” transporta em si a ideia de que a inteligência e a aprendizagem não são possíveis de acontecer a partir de determinada idade, ou seja que as faculdades cognitivas do ser humano deixam de existir ou que o Homem vai perdendo capacidades. Partindo da ideia de que o ser humano está em constante evolução (Darwin), e de acordo com a perspectiva construtivista e interaccionista de inteligência, conhecimento e aprendizagem (Piaget), ao Homem é possível a formação ao longo da vida, através de uma constante adaptação e na interacção com os outros. In ÁGORAEDUCACAO
Este ditado popular português descreve na perfeição o actual estado de coisas na União Europeia (UE). Com o Brexit a ser hoje uma clara realidade e o crescimento, aqui e acolá, da extrema-direita seria expectável que a Europa procurasse reflectir sobre o seu futuro para evitar um – mais do que – possível colapso, mas não é bem isto que está a acontecer.
De um lado temos a Alemanha e os seus aliados a desejar o pior possível para o Reino Unido para, desta forma, amedrontar e ameaçar os – possíveis – futuros dissidentes europeus. Não que a saída do Reino Unido implique cedência alguma da parte da UE à ideia de Theresa May de que se vão embora mas as relações económicas e financeiras entre ambos ficam na mesma. Pelo contrário. O Reino Unido optou pela saída da UE, e agora tem de se “sentar à mesa para se fazer contas”. Mas daí até se chegar ao que os alemães e aliados desejam vai uma longa distância… E no meio desta distância está a extrema-direita que ameaça, cada vez mais, os valores europeus.
Da Holanda vieram os primeiros sinais de perigo. Isto, colocando de parte a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos da América, pois claro. Felizmente o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, resolveu levar a cabo meia dúzia de acusações patéticos na altura das eleições holandesas e tal obrigou a que o reeleito Primeiro-ministro dos Países Baixos tivesse de tomar a postura rígida e radical que é do agrado os apoiantes da extrema-direita, mas em França vamos ter eleições para a Presidência da República, e na linha da frente está a Sra. Le Pen que já declarou publicamente que não descansará enquanto o projecto Europa Unida deixar de ser uma realidade. E não me parece que o maluquinho que preside à Turquia salve – mais uma vez – a europa de tão tenebrosa eleição.
Nuvens muito negras aproximam-se cada vez mais da Europa e o que fazem os líderes europeus? Uns a pretexto do Brexit estão – repito – muito mais interessados em aterrorizar os seus colegas europeus e outros (François Hollande) preferem uma Europa a duas velocidades que alargue o fosso Norte/Sul que está, aos poucos, a destruir por completo a União Europeia.
A solução de grande parte dos actuais problemas da Europa passa pela extinção da moeda única. Isto porque é muito por causa do euro que os cidadãos europeus são fustigados por uma austeridade bruta e cega, mas para tal era preciso que a Europa deixasse – de vez – de ser burra velha e aprendesse línguas.
Uma nota final. Sair do euro não é o mesmo que sair da União Europeia. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para mais hoje em dia temos países europeus que não fazem parte do euro mas que são membros da UE. Este recado é dirigido aos “engraçadinhos” que resolveram comparar Catarina Martins a Marine Le Pen.