Driving Miss Daisy

Amizade no mais puro mel. Uma relação difícil, mas Certeira. Sapiência e persistência levam à conclusão que se deseja. Miss Daisy, senhora muito abastada e independente, vê-se forçada a ter quem a conduza após ter tido um pequeno incidente. Contrariada, não quer aceitar a decisão do filho.

Antiga professora primária, habituada a não ter de dar satisfação a ninguém. muda de sistema de vida e, apesar de não gostar de início, retira todos os juros da situação. O sul ainda separa as pessoas pela cor da pele, sendo que a mentalidade vai mudando com uma exagerada calma. Miss Daisy, de trato bem complicado, não verga perante nada nem mesmo em temas de sentimentos.

Depois da morte de Idella, a governanta que a aturava desde sempre, em 1962, em vez de contratar uma nova funcionária, decide cuidar da sua casa e pedir a Hoke, o multipaciente motorista, que cozinhe e conduza. E é aqui que o laço se vai estreitar. Entre os dois nasce uma relação de amizade tão bela quanto o dia que nasce em pleno.

Durante anos, trata o motorista com frieza, mas é nele que deposita a maior confiança. Uma judia que abre os olhos para a modernidade com contornos muito assustadores. Uma deliciosa troca de saberes e de dores que une os dois protagonistas. Aliás, a tela é deles e usam-na com mestria. Além de ser uma ode às relações humanas, é uma crónica de costumes muito tocante.

O filme explora o racismo contra os afro-americanos e aborda o anti-semitismo no sul. Dois tipos diferentes de preconceitos que Miss Daisy vai finalmente entender depois da sua sinagoga ter sofrido um ataque à bomba. Toma então consciência de que também é vítima de preconceito. Uma lucidez que a deixa chocada.

O amor tem tantas formas e a amizade não pode ser roubada. Não se interessa por cores. Quem semeia com graciosidade, colhe com sinceridade. Que interpretações majestosas e tão intensas! Morgan Freeman e Jessica Tandy, uns doces monstros da tela, são geniais.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Quando for grande quero ser…

Next Post

Do geral para o particular?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

Aquaman

Depois de filmes pouco rentáveis e consistentes que a DC cinematograficamente propôs, como “Liga da…