Bom aluno, quem é?

O que significa ser bem-sucedido em estudos ou o que dita o melhor aluno?

Na vida geral engloba alguns quesitos. Sucesso pode remeter a família, amigos, dinheiro, saúde, amor… Ou tudo junto! Por que não?!

Depende dos objetivos e princípios de cada um. Em vida escolar, desde cedo, o que mais escutamos é que o bom aluno é o que vale. O que se destaca. Não é incomum ouvirmos que se a pessoa só estuda na vida, é obrigação ser bom nisso. Mas o que necessariamente faz de alguém ser um bom aluno por vezes pode confundir. Definição que depende dos valores de quem julga. Aptidões, dificuldades em alguma área e facilidade em outra faz com que não sejamos bons em tudo. E não somos!

Notas altas bastam?

Para muitos, sim. Para mim, em primeira pessoa, em minha experiência – seja comigo, seja com a visão que tenho nesse assunto – digo mesmo que não.

Não bastam!

Nunca fui aluna de dez. E tudo bem. Nunca me incomodou e nunca foi foco de preocupação, nem para mim, nem para os meus pais, que eram os que tratavam da minha educação na época. E nem depois. Na faculdade, nunca fui de dez e tudo bem. Não fez diferença no profissional nem na pessoa que eu me tornei.

Mas sempre conhecemos aqueles que estiveram ou ainda estão sempre em estresse para se destacar e notas altas tirar. Quase uma competição unilateral. Uma alta cobrança que nem sempre faz bem. No que isso vale afinal, só mesmo quem age e pensa assim, poderia explicar.

Explicar, se, durante a caminhada da vida, da infância à vida adulta, ser aluno todo o tempo em busca do 10, algum bem fez. Ou ao contrário. Se gerou frustração, decepção e atrasou. A vida, o caminho. O presente e o futuro.

O passado já foi.

Nunca imponho aos meus, que tenho também a educação como responsabilidade, serem alunos perfeitos, com notas acima da média. Ou condicionar que só serão bons se altas notas obtiverem.

A preocupação maior é mesmo se são alunos bons. Há uma diferença.

Uma coisa não impede a outra, mas se tivesse que escolher prefiro um ser humano bom a somente um bom aluno. Torço para serem boas pessoas. Humanas. Se calhar serem os dois, ótimo. Se não, há aí prioridades.

Escola é importante. Estudar é sempre válido independentemente da idade. Conhecimento é algo que ninguém te rouba. Mas o que te define? O dez, nove ou no máximo o oito, em todas as avaliações?

Na escola e na vida, os desafios vão além. De nada adianta nos estudos focar e a vida lá fora, deixar passar. É preciso equilíbrio e avaliar no que é importante valorizar. Priorizar.

Defendo que é de suma importância a dedicação, o foco e determinação. Porém, me faz muito mais sentido quando recentemente ouvi, de um sábio menino, com oito anos, dizendo após uma prova escolar: “Não sei qual foi minha nota, mas eu dei o meu melhor”.

É essa certeza e segurança que faz a diferença na vida adulta. Afinal, o que adianta o decorar uma disciplina exaustiva, fazer uma prova a seguir, receber uma grande nota e no dia seguinte já não lembrar metade do que memorizou e pior, nem ter compreendido o assunto em pauta porque só decorou. E provavelmente, se estressou. E passou!

Depois, no dia-a-dia, ao se deparar com algo improvisado como um teste surpresa, vem o desespero. A incerteza, o medo do que não estava programado ou decorado. É a vida real. Nem sempre dá tempo para ensaios.

Não são as notas que qualificam alguém. São somente números. E vários fatores influenciam nisso. No momento de uma avaliação está lá envolvido o emocional, o nervosismo, uma dor de barriga fora de hora, uma tensão desenfreada ou o coração “na mão”. Uma “branca”, esquecimento. É assim que se dita o que se sabe, de verdade?

Logo, fica aqui definido que para ser bom aluno é também preciso ser um aluno bom.

De bondoso, de dedicado, de boa gente.

É a postura diária. É a boa relação aluno x professor. Aluno x aluno. Amigo x amigo.

Se é cooperativo.

Se respeita.

Se sabe se doar, colaborar, ceder, participar.

Se agrega.

Esse faz a diferença e leva um dez.

Dez na vida e em o todo caminho que vem pela frente.

Esse eu chamo mesmo de boa gente!

Nota: Esse texto foi escrito seguindo as regras de português do Brasil.

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