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Blockbusters: vieram para ficar?

Em inglês, “block” significa “quarteirão”. “Bust” pode ser traduzido como “quebrar”. Nos anos 40 do século XX, as duas palavras juntaram-se e deram origem ao termo “blockbuster”. O conceito passou a servir para descrever uma bomba lançada por aviões e que tinha a capacidade de destruir um quarteirão. Mais tarde, na década de 70, a noção entrou no discurso de outro tipo de luta: a guerra pelas audiências cinematográficas. Nos nossos dias, domina, também, o universo das séries televisivas.

Os “blockbusters” são caracterizados essencialmente por dois aspetos: “grandes orçamentos e receitas elevadas (atingidas rapidamente)”, aponta o realizador Rafael Almeida. A tendência é para se apostar mais no marketing do que na produção. É por isso que o ciclo de vida de um filme ou de um episódio se estende para lá da sua projeção no ecrã. É assim que se explica o facto de sermos bombardeados por teasers e o grande investimento que se aloca nos trailers. Depois, há, ainda, as páginas web, os videojogos, as bandas desenhadas, os livros, as t-shirts e os pins associados à história retratada no ecrã.

Um filme orçamentado em 10 milhões de dólares é olhado com desconfiança. No entanto, um enredo de 100 milhões de dólares é encarado como sucesso garantido. Pode, então, este cenário ter impactos negativos na criatividade cinematográfica? A verdade é que, “sem os blockbusters, provavelmente não existiriam os outros filmes; são os blockbusters que geram o dinheiro para que se possa fazer o resto do cinema”, defende o realizador.

Contudo, há quem acredite que este paradigma vai sofrer fortes alterações, incluindo o próprio Spielberg. O realizador do blockbusterTubarão”, que rendeu 100 milhões de dólares, defende que estamos perto de um apocalipse dos filmes de grande orçamento. Num debate na USC School of Cinematic Arts, em Los Angeles, Spielberg afirmou que vários insucessos em produções acima dos 200 milhões de dólares vão acabar por provocar o choque final. E porquê? Porque os públicos estão mais críticos. “O público está a educar-se no sentido de procurar mais para além daquilo que já estava habituado a ver”, assegura Rafael Almeida.

Esta exigência do público é ainda mais notória no caso das séries de televisão. “Grandes sucessos como o ‘Breaking Bad’ certamente não seriam blockbusters há uns anos.” A televisão chega a muita gente, a oferta é variada e os públicos estão potencialmente expostos a uma miríade de enredos que lhes permitem comparar histórias, analisarem e descobrirem o que querem. Os media têm aqui um claro papel de aculturação, mas tal não significa (talvez) que os grandes blockbusters vão desaparecer para sempre.

Na opinião de Rafael Almeida, haverá sempre uma faixa etária que se moverá em massa em torno desses grandes sucessos. “É a faixa etária dos jovens adultos, para quem os enredos ainda são novidade. O grupo dos mais velhos já consumiu aquela história vezes sem conta.” Porém, os mais novos ainda têm que passar pelo processo da experiência. E, assim, as distribuidoras de cinema e de televisão continuarão a faturar milhões, ao mesmo tempo que às massas não se nega a oportunidade de usufruírem de horas de escape ao quotidiano, através do entretenimento.

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