Depois do sucesso de uma temporada bem produzida, a equipa avançou à risca com uma segunda temporada. “Big Little Lies” terminou, ou será que não?
A conceituada atriz e vencedora de Óscares, Meryl Streep, foi o trunfo escolhido para salvar a segunda ronda da série “Big Little Lies”. Depois do trágico desfecho da temporada anterior, as Cinco de Monterey tentam viver a sua vida normalmente, cada uma ainda a lutar contra os seus demónios. Celeste (Nicole Kidman) tenta ser uma mãe dedicada dos seus dois filhos gémeos, que repentinamente perderam o pai no início do verão, após uma noite de festa na cidade. Perry (Alexander Skarsgard) era um marido abusivo que maltratava a esposa. O tema violência doméstica foi dos assuntos mais abordados na temporada passada. Para lidar com esta difícil fase da sua vida, Celeste tem a ajuda de Mary Louise (Meryl Streep), a sua sogra, que cuida das crianças. Mas apesar da ajuda, Mary Louise quer muito mais.
Mais um ano escolar recomeça e com isso novas revelações começam a aparecer. Madeline (Reese Witherspoon) tenta a todo o custo salvar o seu casamento com Ed (Adam Scott), após a sua infidelidade recente. Renata (Laura Dern) culpa o marido da estarem na falência e do stress que impõe à sua filha. Bonnie (Zoe Kravitz) está num mau estado, quando luta contra os seus próprios demónios, após se sentir culpada pela morte de Perry, quando o empurrou para o seu destino final. Jane (Shailene Woodley), enquanto encontra o amor novamente, descobre que afinal ainda tem muitos problemas a resolver, muito devido à violação que foi vítima por Perry. Enquanto isso, o seu filho, Ziggy, descobre a verdade sobre o seu pai e Jane tem de ser sincera sobre o que aconteceu. Desenterrar memórias do passado que ainda são muito dolorosas.
Andrea Arnold segue as mesmas instruções de realização de Jean-Marc Vallée com os flashbacks sobre situações que aconteceram atormentam as personagens. Essas memórias rápidas são cenas recorrentes em todos os episódios. Esta realização é dos factores mais positivos, pois deixa a dúvida pairar no ar sobre suposições do que será que aconteceu e o que se passa na mente das personagens. A banda sonora também é um aspecto de respeito nesta série. A música é recorrente e apresenta muitos significados para o que bem a seguir.

“What have they done?” este é o primeiro episódio da série e foca-se nas desconfianças da inspectora do caso que vitimou Perry, pois não acredita que tenha sido uma queda acidental. As mesmas desconfianças surgem em Mary Louise que já tinha perdido um filho. O seu maior objectivo é descobrir a verdade dos acontecimentos. Atenta aos comportamentos bizarros da mãe dos seus netos, Mary Louise não vai ficar calada nesta situação. Meryl Streep está fantástica neste papel. Conseguiu apresentar-se com duas caras. A simpática avó que está sempre disponível a ajudar e a maldade que esconde no seu interior. Os pontos altos da atriz foi a pequena disputa entre ela e a personagem de Reese Witherspoon com a frase “Não gosto de pessoas pequenas, não me inspiram confiança” e o grito desalmado durante a hora de jantar para libertar a raiva do luto. Além disso os momentos que passava com Nicole Kidman era intensos, duas grandes atrizes juntas num só ecrã.
A diferença entre as duas temporadas é notória. Nesta, não temos o mistério. Já sabemos quem foi a vítima e o culpado. Agora temos um pacto de silêncio que une as cinco mulheres, intituladas de as Cinco de Monterey. Apesar de ser um drama, esta série apresenta alguns momentos de comédia, principalmente através do sarcasmo, que é uma das suas maiores armas. O argumento da lado privado é muito bom e entramos mesmo no íntimo das personagens, contudo, de um modo geral faltava algo. Houve situações mito convenientes, como o facto das crianças descobrirem sobre o pai biológico de Ziggy e a descoberta de Ed sobre a infidelidade de Madeleine. Os flashbacks da vida de Bonnie com o tempo que esteve com a mãe foram desnecessários e deitaram por terra várias teorias sobre o seu futuro. No entanto, a interpretação de Zoe Kravitz está excelente, a atriz está mesmo um caco. Laura Dern também recebeu um arco melhor nesta temporada. A sua personagem estava histérica com motivo e proporcionou dos melhores momentos da série.
Concluindo, só a presença de Meryl Streep foi o melhor, apesar de ter sido um assunto sem desfecho, pois a sua personagem veio procurar a verdade e não aprofundou o assunto. Novas revelações, nem desenvolvimentos futuros para as personagens foram conhecidos, excepto a cena final do último episódio. Agora paira no ar. Será que “Big Little Lies” terá uma terceira temporada?