Não é pela quantidade de vezes que já esteve nomeada pela Academia, foram vinte vezes no total, ou pelos Óscares que ganhou, conseguiu três prémios, que conseguimos avaliar as qualidades de Meryl Streep como uma profissional da sua área. Conseguimos esse mérito ao ver os seus filmes. Meryl Streep consegue ser qualquer um, em qualquer lugar, a fazer qualquer actividade. Seja em filmes como “África Minha” (1985) onde interpreta uma baronesa, ou uma dona de casa em “As Pontes de Madison County” (1995), uma chefe de cozinha em “Julie & Julia” (2009), uma diva da moda em “O Diabo veste Prada” (2006), uma bruxa no conto de fadas “Caminhos da Floresta” (2014) e até uma estrela de rock em “Ricki e os Flash” (2015). Mas não é só com a sua capacidade de camaleão que se destaca. Meryl Streep tem um talento inato para reproduzir qualquer sotaque que lhe peçam. Sabe cantar bem em “Mamma Mia” (2008) e mal em “Florence uma diva fora de tom” (2016). No filme “Melodia do Coração” (1999), aprendeu a tocar violino, treinou 6 horas por dia, durante oito semanas. Oferece muita dedicação aos seus papéis e, por isso, tudo está ao seu alcance.
Mary Louise Streep nasceu a 22 de junho de 1949 em New Jersey, num estado norte-americano. As suas descendências europeias ditaram a sua facilidade em línguas. Licenciou-se em 1971 no curso de Artes Dramáticas pela Universidade de Yale, mas não era a sua primeira opção. Streep gostava de ser advogada. Contudo, no dia de aplicação à universidade, adormeceu para a entrevista. Considerou como um sinal e optou por ser actriz. Ainda bem para todos nós.
O teatro tornou-se no seu principal objectivo. Entrou em algumas peças teatrais em Nova Iorque, e foi aí que conheceu o seu primeiro amor. John Cazale, conhecido por interpretar Fredo Corleone em “O Padrinho” (1972). Ela tinha 25 anos quando se conheceram, ele era mais velho 14 anos. A diferença não importava e ainda hoje Meryl não fala muito sobre o assunto, mas confessa que ele ensinou-a a amar. John Cazale era um actor de mão cheia. O próprio Al Pacino chegou a confessar que por ele trabalhava sempre com Cazale. Mery Streep também tinha a mesma visão. Além de seu companheiro, via um exemplo a seguir na carreira. “Measure for Measure” foi a primeira peça que contracenaram juntos e foi amor à primeira cena.
O ano de 1978 ficou marcado na vida de Meryl Streep. Além de ser um ano triste, Cazale faleceu com cancro em Março, foi também um ano de conquistas profissionais para a actriz. Ganhou um Emmy pela série “Holocaust”, que fez quase contra-a-vontade, aceitou apenas porque precisava do dinheiro para os tratamentos da doença do namorado. No entanto, preferia estar ao lado dele a acompanhar os seus últimos momentos de vida. No ano seguinte, era a convidada a participar no filme “Kramer vs. Kramer” (1979). Convenceu a crítica e ganhou o seu primeiro Óscar. Em 1982, ganhava o seu segundo com “A Escolha de Sofia” e, em 2011, o terceiro com “A Dama de Ferro”, este ano vai a caminho do quarto com a nomeação no filme “The Post” (2017).
A carreira estava lançada e Meryl Streep tornava-se numa das melhores actrizes da sua geração. A actriz referiu em várias entrevistas que gostava de fazer mais comédia. Já é um facto cientificamente provado que faz comédias tão bem como dramas. Não se destinge por um género só . Polivalente na sua profissão, já só quer divertir-se, pois para alguém que já conquistou tudo, agora pode fazer o que lhe dá mais gosto.
Voltamos novamente ao ano atribulado de 1978 na vida de Meryl Streep. Além de ser o ano do falecimento do seu amor maior, o actor John Cazale, também foi o ano que conseguiu lançar a sua carreira e o ano do seu casamento. A actriz casou-se em Setembro com Don Gummer e juntos tiveram quatro filhos: Henry (1979), Mamie (1983), Grace (1986) e Louise (1991). Todos os filhos já experimentaram com a mãe o mundo da representação.
Actualmente, Meryl Streep é uma figura icónica da cultura pop. Utilizada como inspiração em muitas das obras do artista plástico Michael Cavayero. Além disso, o seu nome é muitas vezes referenciado nos meios televisivos. Na série Seinfeld, o protagonista, Jerry, que empresta o nome à série, afirmou que não gostava de Meryl Streep, porque a considerava “demasiadamente falsa” e, por isso, não confiava na actriz. O que começou uma discussão na série. Outro exemplo foi em “Modern Family“. O personagem Cameron, após ouvir que a escolha da actriz não ter sido a melhor para o filme “Mamma Mia“. Não concordando, afirma: “Desculpa, Meryl poderia interpretar o Batman e ainda assim ser a escolha certa“. Tal foi muitas vezes utilizado na internet, quando anunciaram Ben Affleck como Batman no franchise de Zack Snyder. Ainda no ano passado Donald Trump utilizou o Twitter referindo-se a Streep como uma actriz sobrevalorizada. Uma onda de contestação invadiu as redes sociais, pois muitos foram os que contestaram a opinião do actual Presidente dos Estados Unidos da América e defenderam a actriz.
Nesta profissão, é rainha e consegue mesmo fazer tudo o que quiser. Camaleão da representação é a segunda mulher com o mérito de mais Óscares recebidos, sendo ultrapassada apenas por Katherine Hepburn, com quatro galardões. Mery Streep ainda se mantém no activo e está disposta a aceitar qualquer papel conveniente que lhe propõem. Actualmente aceitou participar na segunda temporada da série televisiva “Big Little Lies“.
A sua posição é forte no meio de Hollywood. Recentemente na entrega dos Globos de Ouro, as actrizes vestiram-se de preto e protestaram com o movimento “Time’s Up“. Contra o abuso sexual, agressão e desigualdade no local de trabalho e Mery Streep apoiou. Ela é um dos elementos femininos com mais influência no meio. Este foi o primeiro passo para terminar com a desigualdade de sexos no cinema e no resto do mundo.