Sempre que vamos a um restaurante, desejamos ter uma boa experiência gastronómica a todos os níveis. Isso inclui o ambiente, o atendimento, o preço adequado à qualidade e claro, a comida. A selecção e a qualidade dos ingredientes, a par das técnicas de confecção por si só já marcam pontos positivos. Mas a apresentação dos pratos tem vindo a ganhar terreno na importância daquilo que podemos considerar uma boa experiência gastronómica. Já ouvimos muitas vezes a expressão “comer com os olhos” e logicamente a primeira impressão serve de amostra. Por isso mesmo cada vez mais Chefs têm o cuidado de nos apresentar as suas iguarias e especialidades com criatividade suficiente para nos deslumbrar e deixar de água na boca antes mesmo de os provarmos.
Para entender melhor de que forma a apresentação da comida nos pratos tem evoluído e como chegam até nós para nos deixarem maravilhados tive a oportunidade de falar com o jovem Chef Carlos de Albuquerque Teixeira do Restaurante da Herdade do Esporão, recém premiado com a 1ª Estrela Michelin do Alentejo 2022 e a 1ª Estrela Verde Michelin 2022 pelas boas práticas ecológicas e de sustentabilidade.
Não o escolhi ao acaso. Na Herdade do Esporão, onde se produz Vinho e Azeite, também se aposta na produção de muitos dos ingredientes usados na confecção dos pratos do Restaurante e isso é de extrema importância para a qualidade e sustentabilidade do produto final. Para além de uma horta, também fazem o pão com massa mãe e os pratos de origem animal privilegiam os peixes do rio da Barragem da Herdade e da criação de outras espécies, como o porco preto, sendo que todos os produtos são locais e da época. Tudo isto acrescenta valor e uma identidade própria, factores imprescindíveis para o sucesso e fidelização de clientes.
Para este Chef, cujo percurso é já bastante notável, “o mais importante é o sabor sem dúvida, é a primeira preocupação. Assim que temos o sabor bem trabalhado o aspecto entra(..)”. Tendo em conta que hoje em dia o cliente é cada vez mais exigente, ressalva, que “se nós pudermos dar uma experiência única, trabalhada em vários detalhes. E acrescenta que “a apresentação, as texturas, a experiência, o sabor, é um passo em frente para surpreender. E a apresentação é sem dúvida relevante para começar a surpreender. Demonstra qualidade e rigor logo a partir do aspecto. Por muito bom que seja o prato, se não tiver bom aspecto, o impacto na pessoa já não vai ser o mesmo. Ao contrário funciona igual. A experiência tem que ser consistente de início ao fim e começa por se comer com os olhos, corpo e alma.” Finalizando: “onde estamos situados, a atenção dos empregados, o aspecto das loiças, da comida, tudo conta!” A paixão com que destaca e descreve os pontos cruciais para uma boa experiência gastronómica mostram bem o que o distingue a ele e à sua equipa.
Antigamente não existiam esse tipo de preocupações. O mais importante era a refeição ser em boa quantidade e saber bem. Mas como em praticamente tudo no mundo, houve uma grande evolução. Os Chefs passaram a apostar em novas técnicas de confecção e decoração dos alimentos, e a gastronomia passou a ser também uma forma de expressão artística. A degustação ganhou outro sabor e os clientes passaram a ser cada vez mais exigentes. Hoje em dia quando vamos a um restaurante procuramos mais e melhor, cuidado e atenção nos detalhes e em todo o serviço e felizmente podemos notar que em cada vez mais locais a grande aposta é proporcionar aos clientes uma verdadeira experiência gastronómica desde que entram até que saem, e a preocupação de que seja com vontade de regressar.
Não há dúvida que a apresentação dos pratos contribuiu bastante para o desenvolvimento e crescimento do sector.
Agradecimento: Chef Carlos de Albuquerque Teixeira