“As Pequenas Coisas”

Para quem gosta do género, “As pequenas coisas” é um thriller policial que para alguns poderá ser uma produção morna enquanto para outros poderá ser uma abordagem do estilo diferente e surpreendente.

A história inicia com o regresso Joe “Deke” Deacon (interpretado por Denzel Washington) a Los Angeles, um vice-xerife afastado da investigação há cinco anos por motivos, até então, desconhecidos, para a simples recolha de provas.

Contudo, ao se aperceber que está a ser investigado o assassinato de uma jovem mulher, numa semelhança inegável a assassinatos que o atormentaram no passado, acaba por se envolver na investigação pela descoberta do serial killer, a qual está sob a direção do detetive Jim Baxter (interpretado por Rami Malek).

Juntos tentam desvendar o mistério em torno da morte da jovem mulher e da sua relação com os assassinatos que aconteceram no passado.

Até que conseguem estabelecer uma ligação entre Albert Sparma (interpretado por Jared Leto), um homem misterioso e deveras intrigante que trabalha numa loja de reparação de eletrodomésticos e os crimes.

Convencidos de que Albert Sparma é o verdadeiro assassino, passamos toda a narrativa a tentar encontrar evidências que o liguem aos crimes.

Albert Sparma é um homem de meia-idade, com uma aparência descuidada, sinistro, extremamente inteligente e amante de crimes macabros. Aparentemente, o suspeito perfeito.

Toda a narrativa é marcada pelo jogo perigoso entre o alegado assassino e os investigadores, numa obsessão que levará a um desfecho inesperado.

Um ponto de destaque é sem dúvida a interpretação extraordinária de Jared Leto, que conseguiu elevar a obscuridade e inteligência da personagem quer através do olhar, quer através de gestos e da forma de se expressar. Fazendo-nos pôr em causa as suas ações e do seu envolvimento nos crimes, numa constante incerteza.

Fez-me passar todo o filme a ansiar por respostas e equacionar todos os cenários possíveis para a resolução dos crimes, tendo no final frustrado todas as minhas expectativas.

Mas penso que, é precisamente essa reviravolta que me fez apreciar ainda mais o filme por se diferenciar dos demais do género.

Sem querer alongar a história para quem pretende assistir e não o fez, o desenlace final e a obsessão persistente em toda a história, fez-me ponderar até que ponto a nossa interpretação das coisas (muitas vezes errada), as nossas crenças e o desespero nos poderão levar a cometer os erros mais atrozes que mudarão para sempre as nossas vidas.

E ainda, do que seremos capazes de fazer para os encobrir, sendo certo que, a verdade nos atormentará sempre e um dia voltará para nos torturar.

Apesar de se tratar de um filme com cerca de duas horas, com poucas cenas de ação, para mim é inequivocamente uma história que prende pela narrativa, pelo suspense e pela ânsia do desenlace, que acaba por ter um twist inesperado.

Vale a pena assistir para os fãs do género!

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