Em Londres, numa estação de metro, vai ser criada uma máquina que, em vez de chocolates e sumos, vende histórias. É paradigmático esta ideia inovadora. Num mundo cada vez mais tecnológico, onde as pessoas encontram o seu refúgio num ecrã, a simplicidade de uma conversa perdeu todo o valor, toda o foco e prioridade. Estamos mais preocupados connosco, numa visão egocêntrica do dia-a-dia onde não há espaço para as coisas simples. Não há espaço para um encontro, ao acaso, com uma nova alma, uma nova vida, com quem inevitavelmente podemos aprender coisas novas, e ver o mundo com outros olhos.
“O que motivou a ideia foi o facto de andar de metro todos os dias e ver toda a gente com o olhar colado às apps, aos jogos e aos tweets. Então, a ideia de usar este bocadinho do nosso tempo em algo que nos entretenha e que é muito pequeno, como a literatura, é bastante atraente”, explicou ao jornal britânico “The Guardian” o escritor Anthony Horowitz, que é um dos autores cujas histórias vão estar disponíveis.
Toda esta tecnologia deve ser um apêndice, algo que nos facilite a vida mas que não seja uma extensão do corpo. Algo que não substitua a nossa individualidade enquanto ser humano, algo que não nos auto-sabote a alma, mas que incentive o encontro inter-pessoal, a entreajuda, o desenvolvimento da nossa interioridade.
Ao estar no metro, com esta iniciativa, seremos capazes de, pelo menos por um momento, nos abstrairmos da realidade, encontrarmos, em nós, o essencial de uma história, de uma mensagem que ultrapassa todas as concepções, que nos acrescente algo sem alimentar o vazio atroz em que vivemos. Tenhamos a noção que é no outro e a partir de nós que a humanidade começa a ganhar toda a sua expressão, paixão e eternidade.
Encontremos numa pequena história tudo aquilo que está imerso em nós e transponhamos o nosso mundo interior na felicidade de um encontro ficcional de toda a humanidade.