Rock de Barba Rija

Muito se tem vaticinado sobre a “morte” do rock, mas, quando duas boas almas, com altas cartas dadas e sem nada a provar, constroem um disco destes, só restam duas hipóteses, ou o rock está mais vivo e fervilhante que nunca, ou então, sim, morreu. Contudo, se está mesmo morto, que descanse em paz, porque isto é algo muito melhor.

Estamos a falar de «Closer To The Edge», o primeiro longa duração, dos portugueses, Son Of Cain, lançado no final de 2018, pelas editoras Half Beast Records e Ragingplanet e que se encontra disponível em CD e Vinil, no clássico preto, ou em laranja salpicado de preto. A capa deste disco tem uma belíssima ilustração de Ricardo Reis, fotos de Roberto Raposo e concepção de artwork por Phobos Anomaly Design.

Os Son Of Cain fizeram a sua estreia em 2016, com o Ep «LowLife 69», e são um duo de músicos sobejamente conhecidos, no nosso underground e além-fronteiras. Nasty A. na voz e bateria e Hugo “Rattlesnake” C. na guitarra.

Para além das bandas que cada um tem, os dois músicos já tinham tocado juntos antes nos Subcaos, banda actualmente fora de funções (Voltem!).

«Closer To The Edge» é um disco de heavy rock, com tomates, para ouvirmos num carro, como o da capa deste disco, por essas estradas meio desertas fora, a levantar pó, com o asfalto a queimar. Quem sabe a caminho de um encontro entre motards e amantes de carros clássicos.

Porém, neste disco há muita coisa. Bons riffs, com fartura, speed q.b., piscadelas de olho ao psicadélico e blues, doom, punk (também na atitude), tudo em quantidades certas e marcando a identidade do duo, que não complica o que por si só é simples: rock sincero, sem tretas. A teoria de menos ser mais, por vezes, comprova-se.

O disco tem início com «Hit The Road», um estardalhaço de rock com um refrão memorável, que muitas bandas invejarão. Em «Born To Fall», temos um tema mais doom, psicadélico, arrisco até a dizer com uma pitada de blues denso e pesado. Ao terceiro tema, «Beyond», juntam um riff que se entranha até aos ossos, uma bateria viciante (aquele timbalão de chão!) e um refrão inesquecível. Que tema!

Pelo meio temos, «Like Stone» a lembrar rock de outras décadas e «Old Man», com riffs marcantes, um final speedado e uma interpretação, que nos faz sentir a “pain” de Nasty A.

«Sleep Tight (Reach The End)» é um tema mais punk/metal, com vocalizações mais faladas e um excelente trabalho de guitarra e bateria.

Em «Human Prey» , experimentem não abanar a cabeça ao som deste excelente heavy/hard/rock.

Para os últimos dois temas, guardaram, «Boiled», um tema de rock duro, com uma segunda voz que lhe fica a matar e um final brilhante. E a fechar em grande, «Outro», um tema instrumental que transpira doom por todos os poros.

Com uma recente mini tour, feita com os Omega Sun, por Áustria, República Checa e Eslovénia e mais alguns concertos marcados em território nacional, é uma grande falha não os ver ao vivo.

Se ainda não o têm, corram a comprar este disco!

Se o rock está morto, não foi aqui que morreu…

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