Quando éramos crianças, tínhamos uma vontade enorme de crescer, chegarmos a adultos, mas à medida que nos aproximamos da idade adulta, apercebemo-nos que não era tão bom como desejávamos e que afinal há mais responsabilidade e problemas do que liberdade e diversão. O trabalho, contas para pagar, família para criar, todos estas situações nos assolam o dia a dia, chegando a um ponto que esquecemos quem somos, que de fibra somos feitos, qual a nossa coragem e que sonhos já tivemos. À noite quando encostamos a cabeça na almofada, e fechamos os olhos, os problemas continuam lá, e este acumular leva-nos a um break down, que pode trazer consequências catastróficas para nós e para aqueles que mais gostamos, por isso é que temos de tentar nos libertar destas grilhetas invisíveis. Mas o que fazer? Qual a melhor solução?
Não há respostas certas ou erradas, porque isto já depende de cada qual, para uns ler um livro outros ouvir música ou simplesmente ir à praia, pode ajudar a que durante uns momentos os nossos problemas saiam da nossa mente. Sozinhos ou acompanhados, tudo depende do que aquilo que nos assombra, mas o importante é conseguir espairecer a cabeça. No meu exemplo pessoal, arranjei um escape ao começar a escrever para o Repórter Sombra e a inventar receitas para o meu bebé, já que para mim agora é praticamente impossível fazer alguma coisa sem ter o menino ao meu lado. Mas antes de ser mãe de segunda viagem, a praia sempre foi o meu maior escape, em qualquer altura do ano e a qualquer altura do dia, acho que é um defeito dos portugueses, não conseguimos viver sem o mar. Marcar uma churrascada com os amigos, é sempre um serão agradável, onde conversamos sobre tudo e sobre nada, rimos e dançamos, é garantido que o tempo passa a correr. Também há quem escolha o exercício como um escape, que é normal visto que ao fazer desporto, ajuda a diminuir os níveis de stress e ansiedade e a combater algumas doenças mentais como a depressão.
O que realmente importa, é fazermos uma introspectiva e tentarmos relembrar quem é que nós éramos, o que gostávamos e o que nos deixava mais feliz. Com base nisso, então sim podemos ir a um segundo passo: arranjar tempo para nós, para o que nos dá mais gosto. Sei que muitas vezes temos vontade de nos enfiar na cama, e dela nunca mais sair, sentimos que está tudo perdido e que não há salvação. Mas pode não ser bem assim, se fizermos um esforço para lutar para desanuviar, se virmos que não o conseguimos sozinhos, então é melhor procurar uma ajuda quer seja dos nossos familiares ou amigos ou então de algum profissional, bem sei que ainda há um certo estigma, para quem procura este tipo de ajuda, mas felizmente já está bem melhor e o que realmente importa é que fiquemos bem, se a nossa mente não estiver em ordem, então não conseguiremos estar para nós nem para os nossos entes queridos, “não podes salvar ninguém, se te estiveres a afogar”, uma frase que ouvi, mas com muita verdade. Toda a gente precisa do seu bocadinho, de um escape para fugir à realidade do dia a dia.