What can you say about a twenty-five-year-old girl who died? That she was beautiful and brilliant. That she loved Mozart and Bach. And The Beatles. And me.
A frase de abertura do filme ganhou na altura uma projecção quase tão grande quanto o estrondoso sucesso da película de Arthur Hiller, um sucesso anunciado ainda durante a rodagem, e que levou o argumentista, Erich Segal a transformar o guião em prosa de supetão, de modo a poder lançar o livro antes da estreia no cinema: um caso raro em que o livro saiu do filme, embora tenha sido publicado antes.
O livro foi um sucesso, mas é pobre quando comparado com o filme. E se o filme, hoje nos parece datado e até coxo em alguns aspectos, o êxito imenso de um dos tearjerkers mais famosos da História abafa as imperfeições do melodrama mais banal, com tudo a que tinha direito: Oliver Barrett IV é rico e anda em Harvard; Jennifer Cavalleri é pobre e estuda em Radcliffe; Oliver dá-se mal com o pai; Jennifer tem com o seu pai uma relação próxima; ambos são jovens e bonitos. Casam-se e vivem felizes quando ela adoece. O resto remete-nos para a frase inicial.
Persegui este filme durante anos. Foi em tempos anunciado num dos canais Telecine (que eu não tinha), e pedi a uma amiga para gravar, mas havia uma qualquer protecção dos canais codificados que não o permitia. Como não é daqueles filmes que passavam habitualmente na TV, tive que aguardar pelos DVDs. E comprei-o.
Obviamente, perante tanta idealização, o filme desiludiu-me. Entretanto já havia lido o livro, primeiro em inglês, numa edição que a minha mãe tinha de suporte às explicações que dava – é inglês fácil, quase só diálogos e bastante calão – e depois em português. Ainda que me tenha desiludido, não é um mau filme, sendo muito melhor do que o livro.
Sucede que em algumas partes presta-se a uma certa piroseira, como quando Jennifer diz a Oliver em lágrimas Love means never having to say you’re sorry... poupem-me!
Ficam, no entanto, muitas coisas boas desta obra, como o maior nevão que Boston havia acolhido em muitos anos e que permitiu à data – 1970 – enriquecer o cenário com cenas memoráveis, os intérpretes, todos eles, que conseguem convencer-nos de que pode acontecer, apesar da lamechice dos diálogos, e claro, Francis Lai e o piano, numa das bandas sonoras de sempre.
PS: Este texto foi escrito há pouco mais de cinco meses, no dia 4 de Agosto de 2023. Há dias vi a notícia da morte de Ryan O’Neal, o Oliver de Love Story, aos oitenta e dois anos. Com Ali MacGraw, a Jennifer, construíram um dos pares românticos mais memoráveis do Cinema. Por maior que seja a normalidade com que a morte nos cunhe desde a nascença, sinto sempre uma pena gigantesca de ir vendo partir aqueles cujo trabalho, vivência ou amor me acompanharam durante o crescimento.
São referências que se vão e que ficam ao mesmo tempo, num paradoxo implacável, perante o qual nos resta abandonar as questões e aprender a aceitar ser também esse o preço a pagar por estarmos vivos. Aproveitemos então, neste caso a Arte, para celebrar a vida. Pela minha parte, ganhei vontade de rever esta História de Amor.