Descobrindo o rock dos Footsteps Echo

Usando as palavras de Fernando Pessoa, os Footsteps Echo definem a sua música assim: “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Oriundos de várias faixas etárias, e portanto de várias influências e experiências musicais, os elementos desta banda começaram este projecto pela vontade que todos tinham de voltar a tocar, de voltarem a ligar-se à música. Sobretudo à música dos Anos 80, recuperando sonoridades que podem manter-se actuais.

Quem são os Foosteps Echo? De onde vêm?

Desde o início, os Footsteps Echo pretenderam criar um processo criativo inclusivo por parte de todos os membros, tentando originar uma fusão de sons que crie música que se recusa a obedecer a um género.

Como começou este projecto?

O projecto vem desde 2008 e foi iniciado por grupo de amigos e conhecidos, todos com 20 e muitos anos. Um grupo de pessoas que aprendeu a tocar e teve as primeiras experiências em bandas ainda na adolescência e que, devido a ter começado a trabalhar, teve de pôr a música de lado durante uns anos. Este projecto surge do desejo de voltar a tocar, fazer sobretudo originais e voltar a sentir esse prazer de criação e de comunhão que só se obtêm numa banda.

Dado que já todos têm experiência vinda de outras bandas, como é conciliar todas essas experiências?

A composição actual da banda inclui, não só, diferentes tipos de experiência de bandas, mas também uma diferença de idades que implica uma variedade maior de influências musicais. Isso leva a criação de originais muito diferentes entre si e a recusa em seguir uma estrutura linear ou mais comum. Eventualmente, uma primeira audição não é suficiente para se perceber se se gosta das músicas e isso vem exactamente de uma dificuldade salutar de catalogar as músicas num determinado género.

Têm por influência bandas que vão desde o rock alternativo ao metal, porquê estes dois géneros? Na vossa visão, em que se parecem?

O gosto pessoal dos membros da banda inclui outras bandas e músicos de outros géneros musicais sem serem estes. A escolha desses dois rótulos vem, mais uma vez, da dificuldade em catalogar num género restrito a música que fazemos. Mas sem dúvida que, quando partimos para a criação de uma música, sabemos que será sempre algo entre esses géneros, visto resultar da fusão da influências existentes da banda.

Porquê voltar à sonoridade que se fazia nos anos 80?

Queremos pensar que a nossa sonoridade não está assim tão agarrada à música de uma determinada época ou década. Temos uma grande influência de bandas que começaram nos anos 80, mas que nos anos 90 atingiram a sua maioridade. Bandas como Faith No More, Rage Against the Machine, Biohazard, Suicidal Tendencies, Primus, entre outras. Bandas, sem dúvida, de um segmento eventualmente de música mais pesada, mas que transcenderam esse mesmo género fazendo crossover entre metal, rap, rock melódico, punk/hardcore e funk. Algo que tentamos fazer na nossa música. Apesar dos exemplos de bandas de referência dados acima, os gostos musicais dos membros da banda correm um pouco paralelos entre si – quer em termos de género ou época, e nem sempre coincidem. No entanto, todos reconhecemos boa música fora da nossa bolha e não deixamos de ser influenciados por ela.

Que mensagem passam com as vossas músicas?

Repetindo algo já dito acima, queremos passar uma imagem de alguma criatividade e sincretismo nas músicas que fazemos. Ao tentarmos que todos os membros da banda participem na execução das mesmas, quer a nível da música, quer da letra a mensagem, pode parecer um pouco difusa, desde algo mais pessoal e autobiográfico a uma mensagem mais política. No entanto, há sempre algo relacionado com o nome do EP, “No bread for crazy people” – tradução literal da expressão “Não há cá pão para malucos” –, relacionado com a experiência e de que não somos facilmente enganados ou apanhados de surpresa, de que tomamos medidas para que tal não aconteça. Bem ou mal, um certo cinismo em relação à vida e à sociedade.

Têm um primeiro EP em inglês e um single em português, em que língua preferem cantar?

Não diria que existe uma preferência entre uma e outra. Usamos a língua que nos parece melhor para transmitir a ideia por detrás da música. Sobretudo, não criar entraves ao processo criativo. Se a música eventualmente for boa, não interessa em que língua é cantada.

Que planos têm para o futuro?

Ao mesmo tempo que trabalhar para produzir originais de melhor qualidade, o futuro passará por aproveitar todas a oportunidades para tocar ao vivo e apresentar o projecto. Mesmo que isso implique, por vezes, tocar mais covers para podermos aceder ao máximo de plataformas de música ao vivo possível.

Onde poderemos ouvir-vos proximamente?

Para já, no dia 11 de Junho, um concerto no Auditório Carlos Paredes em Benfica, Lisboa.

Como se apresentam a quem não vos conhece mas se sente curioso por vos ouvir?

Citando Fernando Pessoa, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

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