Alea jacta est

Alea jacta est (grafia em latim: alea iacta est) significa, em português, “O dado está lançado”, mas traduzido comummente como “A sorte está lançada”. Na linguagem popular, é uma expressão utilizada, quando os factores determinantes de um resultado já foram realizados, restando apenas revelá-los ou descobri-los. Foi a frase em latim supostamente proferida por Júlio César ao tomar a decisão de cruzar com as suas legiões o rio Rubicão, que delimitava a divisa entre a Gália Cisalpina (Gália ao sul dos Alpes, que atualmente corresponde ao território do norte da península Itálica) e o território da Itália. In Wikipédia

E pronto. Eis que o Brexit se tornou realidade. O Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) iniciou o processo de saída da União Europeia. E este é, sem sombra de qualquer dúvida, o momento ideal para que toda a Europa inicie – de imediato – uma profunda reflexão. O Brexit não é um grito de revolta pelo que está a suceder na Europa em si. É antes a manifestação corpórea de uma extrema-direita que está cada vez mais próxima dos corredores do Poder em muitos países europeus e tal irá – mais cedo do que tarde – colocar em xeque a paz no Velho Continente.

Sim. Este é um momento que exige reflexão ao invés de estarmos todos a jogar o pachorrento e infinito jogo da culpa. No Brexit, todos nós tivemos culpa. Todos sem excepção. É verdade que David Cameron teve mais pujança do que razão, quando se lembrou de jogar um jogo político que acabou mal para ele e para os seus. Contudo, não façam de Cameron o único vilão desta triste história. E deixem o povo britânico de fora deste jogo estapafúrdio das culpas.

Se querem apontar o dedo a alguém apontem-no – com força e plena convicção – a todos nós que entregámos a condução do projecto europeu a burocratas em Bruxelas que não sabem ver mais nada senão uma folha de Excel e uma série de teorias bacocas neoliberais que não passam de meros pensamentos criados numa qualquer esplanada de café acompanhados de uma boa chávena da mais pura cafeína.

Contudo, se há pessoa que está perfeitamente à vontade nisto das culpas sou eu. Já há muito que venho dizendo que o caminho que a Europa unida vem segundo há já uns bons anos a esta parte é mau. Péssimo. Terrível. Uma Europa que “mói” Democracias, que “esvazia” Parlamentos, que impõe a sua política pela força da finança, que coloca Norte contra o Sul, que maltrata os Estados-membros periféricos, que financia guerras, que apoia e financia movimentos obscuros e – sobretudo – que se esquece da Democracia, do Estado Social, de igualdade, liberdade e fraternidade em detrimento da alta finança e do grande capital (mercados) não tem futuro.

É esta a nossa triste realidade. Uma Europa onde o Brexit está a ser encarado por todos os actores europeus como algo de perfeitamente normal até porque – segundo os burocratas não eleitos de Bruxelas – quem fica verdadeiramente a perder são os britânicos (em último casos os Ingleses).

Como é óbvio a extrema-direita afia as facas e agradece de sorriso aberto tal comportamento. A Europa insiste na via-sacra da austeridade nua e crua (algo reprovado pelo FMI) porque os bacocos, ultrapassados e completamente desfasados da realidade Tratados Europeus assim o determinam.

Não se tenha a mais pequena dúvida de que a caixa de pandora está aberta e de que os ventos de 33 do século passado voltaram a soprar.

Alea jacta est.

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