Uma Noite no Segundo Exótico Hotel Marigold

O Segundo Exótico Hotel Marigold sofre do mesma problema que afecta a grande maioria das sequelas: não existe grande espaço para a imaginação. Sem querer cair no proverbial “é mais do mesmo”, é impossível não o fazer. No entanto, é quase impossível repreender o filme de John Madden. Seja pela inerente ternura que envolve todo o filme, seja pelo facto que esta sequela – assim como o seu antecessor – não procura inovar, ou atingir um novo nível de originalidade.

Tendo em conta o argumento feito no parágrafo inicial (e sem esquecer as limitações a ele ligadas) é impossível negar que O Segundo Exótico Hotel Marigold, a par do primeiro, é um filme capaz de nos enternecer, com representações bastante eficazes (ainda que bastante longe de memoráveis) de actores a quem não se poderia esperar menos e uma realização padrão a que não se apontam defeitos.

Tecnicamente, o filme de John Madden apresenta uma qualidade expectável, tomando proveito da beleza local para a criação de um ambiente exótico e, na verdade, inexistente. De facto, pela sua banalidade, as características técnicas do filme devem dificilmente ser levadas em conta em qualquer análise. Ainda que tal afirmação pareça negativa, que o é, o género em que se encaixa o filme não deixa espaço para qualquer tipo de inovação. Caso existisse, poderia até ser vista como um aspecto negativo contra o objectivo da película.

Como já referido, as representações não deixam espaço para críticas (com um elenco original, com nomes como Maggie Smith, Judy Dench, Bill Nighy, Celia Imrie e vários outros), sendo perto de impossível que de outra forma acontecesse. No entanto, é importante notar que neste não existe também nenhuma actuação que se destaque por se libertar das grilhetas do pobre argumento a que está sugeita. No entanto, são os actores que conseguem fazer com que todo o filme não se precipite no marasmo em que tantas vezes está à beira de cair.

A maior crítica está no argumento do filme. Ainda que sejam raros os filmes que se centram em personagens na faixa etária representada no filme (o que é certamente de louvar), existem vários problemas que podem ser apontados. O primeiro será, sem dúvida, um estranho saudosismo do Império Britânico. Ainda que nunca evidentemente – e acredito que até prepositadamente – o facto de várias pessoas de idade avançada se mudarem para a Índia, durante a sua aposentadoria, para serem servidos por, logicamente, cidadãos indianos, remete para uma era colonial que não deixa de estar presente (ainda que não intencional). Para além disso, todo o enredo que envolve a abertura do novo Hotel para colmatar a lotação do primeiro e toda a provação necessária passar para que tal aconteça é, no mínimo, repetitiva.

Ainda que consistente e agradável, O Segundo Exótico Hotel Marigold não deixa de ser um filme entre tantos outros, acabando por perder o que de mais interessante tem em detrimento das obrigações do género. No entanto, tendo em conta os objectivos que pretende atingir, é impossível não acabar de o ver com um sorriso e um bom humor contagiante.

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