A Maior Rede Social do Mundo

Cada vez mais me convenço de que os Estados Unidos da América já não são a Maior Democracia do Mundo. Os Estados Unidos da América são hoje em dia o país onde o populismo tomou conta de uma sociedade que em tempos sabia que a crítica e capacidade de pensar eram as peças fundamentais da Maior Democracia do Mundo.

Pior ainda é todos nós, cidadãos europeus (e não só), apercebermo-nos de que um país com o poderio militar dos EUA ser hoje governado por uma pessoa que faz do Twitter o seu gabinete, conselheiro político e gabinete de relações públicas.

Bem pior é todos nós vermos uma estrela televisiva norte-americana, que conta com uma excelente equipa de assessores, aproveitar-se de um movimento bem-intencionado na sua matriz para se apresentar ao Mundo como a possível e legítima concorrente de Donald Trump na próxima corrida eleitoral à presidência da Casa Branca.

Para quem ainda não percebeu, refiro-me à famosa apresentadora de televisão, actriz e empresária norte-americana Oprah Gail Winfrey, que depois de ter lido um discurso nos Golden Globes, onde esta, descaradamente, aproveita o movimento #MeeToo para dar o pontapé de saída na política. Estranhamente, ou não, Oprah até já tem um movimento de apoio.

Dito de outra forma, já não basta a pobreza franciscana e o caos que tem marcado a política interna e externa dos Estados Unidos nos últimos tempos, a baixeza das jogadas de bastidores que tristemente definem os candidatos dos dois maiores partidos norte-americanos aos cargos públicos e temos agora um movimento que apoia uma personalidade que em quase tudo é igual a Donald Trump. Para tal bastou a Oprah um simples e hipócrita aproveitamento do #MeeToo.

Aquela que outrora se orgulhava de ser a Maior Democracia do Mundo é hoje a Maior Rede Social do Mundo. O pensamento crítico e a capacidade analítica que caracterizou, de uma maneira ou de outra, a Administração Obama acabaram no dia em que os norte-americanos optaram por ter no poder uma personalidade que de política e sensatez sabe zero. E pelos vistos no futuro estes vão continuar a querer ter mais do mesmo. E quem sofre, de uma forma directa e indirecta, somos todos nós que temos de viver na triste esperança de que o “twitteiro(a)” que governa os States não se lembre de começar uma guerra.

E já agora, Trump afirmou recentemente que a Coreia do Norte quis dialogar com a sua vizinha do Sul por causa das suas intervenções. É caso para se perguntar: que intervenções? Os disparates infantis que Trump publica diariamente no twitter?

Ou será que o líder da Coreia do Norte viu nos Jogos Olímpicos de Inverno que este ano se realizam na Coreia do Sul uma oportunidade de travar mais uma série de batalhas da Guerra Fria que dura há largas décadas na Península Coreana?

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