19.2

A RTP 2 brinda-nos com séries muitas boas e extremamente realistas. É o caso de “19.2” que desde o primeiro episódio cativa o espectador e entra na vida destas personagens que podiam ser os nossos vizinhos ou apenas nossos conhecidos.

Tudo se desenrola com polícias de uma esquadra de Montreal, onde os profissionais são analisados enquanto seres humanos e não máquinas que recebem comandos. Inicia-se com a chegada de um colega que vem transferido da província e que se quer fixar na cidade grande.

É-lhe atribuído um colega que tem um historial de situações complexas e que foi casado com uma detetive que ainda está colocada na mesma esquadra. Tem uma relação com uma colega e não podia ser mais desafiante. Os dois vão fazer uma dupla, onde se vai analisar, ao detalhe, a vida de cada um e a sua vivência pessoal.

Ben e Nick são o oposto um do outro e isso completa-os. Um por estar ligado a raízes bem intrincadas e outro por estar em fuga duma vida que não quer para si. Acabam por se ligar ainda mais através da irmã de Nick, Amélie, que ficará com Ben até sofrer um enorme revés.

Entre vidas familiares, intrigas profissionais, corrupção e todo o tipo de artifícios que habitualmente se usa para “singrar na vida e atropelar os outros”, encontramos de tudo. Vidas falsas e tristes. A ambição e o poder estão sempre presentes bem como as desgraças pessoais de cada um. Sem ser lamechas e sem tragédias de maior, tudo é mostrado tal como é.

No final, as diferenças entre todos é um bolo colorido e bem saboroso provando que a amálgama daqueles seres humanos fantásticos é a mais valia que permite o bom funcionamento de todo o sistema.

A cena final, onde os mortos regressam em paz, é uma espécie de terapia que tranquiliza o espírito e liberta os recalcamentos de todos. E para quem esteve menos atento sobre a mensagem final, sobre o papel dos anjos, aqui fica a minha achega: os seres humanos sabem amar, mas também têm direito ao seu mais profundo sofrimento. É a sua catarse.

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