Regresso à temática do atentado em Bruxelas para chamar aqui a vossa atenção para algo que, mais tarde ou mais cedo, poderá vir a ser perigoso para todos nós.
Falo da forma como se lidou, e se lidará, com o fenómeno terrorismo na Europa. E aqui há que dizer que a nossa Comunicação Social não sabe como deve agir perante o dito fenómeno. A prova dos nove está na semana anterior. O Daesh fez circular uma mensagem onde ameaça Portugal e os nossos Órgãos de Comunicação Social lá se encarregaram de criar o pânico generalizado. Inclusive chegaram ao ponto de ter feito uma tremenda escandaleira mediática quando alguém deixou uma mala sua no corredor do Aeroporto de Lisboa enquanto tratava de um qualquer assunto.
Este tipo de postura da parte de quem tem o único e claro dever de informar é grave. Diria até gravíssimo pois coloca à prova as nossas Autoridades que demonstram a sua força operacional em “fogachos mediáticos” que servem somente para aumentar audiências e vender mais umas quantas tiragens.
Contudo, o problema não se fica por aqui. Toma, inclusive, contornos bem mais complicados e perigosos. Isto porque começa a surgir uma facção no nosso Portugal e na Europa que defende a clara ingerência das Autoridades na nossa esfera privada em nome da segurança colectiva.
E este caminho é perigoso. Muito perigoso se tivermos em linha de conta no século passado o Velho Continente estava ainda entregue a Regimes Ditatoriais onde as liberdades individuais só puderam ver a luz do dia após duras e árduas batalhas que custaram a vida de muitos Europeus.
A linha que hoje em dia separa o Estado e as Autoridades do Cidadão é muito ténue. Muito ténue, porque a Internet e as redes sociais como o Facebook e Twitter criaram uma espécie de limbo onde não se sabe muito bem onde começa a liberdade de uns e começa a de outros.
Defender revisões constitucionais e a criação de legislação que permitam a retracção das Liberdades de cada um de nós não é o melhor dos caminhos. Se porventura os Estados europeus optarem por esta via estarão a fazer aquilo que os membros do Daesh querem.
A problemática do terrorismo made in Daesh – e não só – passa, essencialmente, pela extinção das condições que ajudam a que esta organização se fortaleça.
Dito de outra forma; se os Governos Europeus extinguirem os seus guetos onde colocam as pessoas em função da sua etnia, raça e religião, criarem condições para que todos possam aceder em igual modo ao trabalho digno e honesto, fazerem o impossível para que a suas sociedades sejam mais justas, reconhecerem os seus crimes do tempos da colonização e não apoiarem ataques unilaterais a Estados soberanos como aconteceu recentemente no Iraque, Líbia e Síria de certeza que situações como a de Paris e Bruxelas não se repetirão e não teremos a tremenda palhaçada mediática que todos tivemos de assistir após a já aqui falada mensagem da organização terrorista.
Isto a não ser que se queria criar na Europa uma via verde para os abusos claro está, até porque tudo o que seja made in USA é bom e recomenda-se!