Val Kilmer – Antes e Depois

Vi o documentário autobiográfico sobre o actor Val Kilmer que está disponível em exclusivo no Amazon Prime Vídeo, narrado pelo filho Jack e impressionou-me.

Confesso que gosto muito do Val Kilmer desde do filme “The Doors”. Sempre me intrigou, como é que um actor tão carismático e talentoso não teve o merecido reconhecimento! Que teria acontecido para que o actor que fez: TOP GUN, BATMAN ou HEAT não tivesse conseguido manter o público saciado com a sua presença no grande ecrã? Este documentário trouxe-me esse esclarecimento.

O que se percebe logo de imediato quando vemos este documentário é que o Val passou toda a vida a filmar e a ser filmado, por isso ter escolhido a representação como profissão foi uma decisão natural. O que nos é mostrado agora é um documentário sobre a sua vida, organizado e escrito pelo próprio e que dito desta forma parece um pouco pretensioso! Mas não é. A vida do Val Kilmer mudou drasticamente em 2015 quando foi diagnosticado com cancro na garganta, doença que superou e que o deixou com marcas para a vida: Val perdeu a voz.

Não querendo fazer “spoiler alert” apenas para aguçar a curiosidade de quem nos lê, os vídeos caseiros, filmados pelo actor atravessam a narrativa do início ao fim e mostram não só o reflexo do homem no espelho como também os seus filhos, a sua ex-mulher e vários bastidores de filmagens. Por ser uma obra documental, é muito significativo perceber que o protagonista não esconde as suas falhas, fraquezas e permite a abertura das cortinas da sua vida pessoal ao espectador. A forma como o faz revela uma enorme vulnerabilidade e sensibilidade e é ai que reside a grandeza do documentário.

Estamos perante a realidade dos fatos como eles são e do homem como ele foi e como ele é. Um artista que investiu a sua vida na arte da representação e que se vê privado de fazer aquilo para que foi talhado. Não deixa de ser também uma reflexão sobre a fragilidade da vida e como mesmo quem, aparentemente tem tudo, pode de um momento para outro se ver num “beco sem saída” ou ter obrigatoriamente de se reinventar. É um filme forte, melancólico e sobretudo de resgate de alma. O problema de saúde que o Val Kilmer está a enfrentar, não caia no esquecimento nem tenta ser de alguma maneira disfarçado. O homem de que guardo a imagem física marcante e imponente continua a existir mas de outra maneira. Não se fica indiferente ao contraste do antes e o agora, mesmo com a velhice e os anos que passaram.

A magia do cinema também é isso, as imagens não morrem, não ficam doentes, não se gastam, perpetuam-se simplesmente para lá da vida do actor e de todos nós. Para mim, o que ressoa ao longo dos 108 minutos de duração, é um grito do actor a dizer ao mundo: Estou vivo!

Fica o trailer para os mais curiosos.

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