É uma brilhante série animada sobre um cientista louco e sociopata que, juntamente com o seu neto pouco inteligente, percorrem dimensões alternativas, mundos alienígenas e – num episódio especial de Natal – os órgãos internos de um homem sem-abrigo. Quem não quer passar horas a assistir a isto?
No início da série, Rick reaparece, após uma longa ausência. Ele luta para recompor a relação que tem a com a sua filha, Beth, mas tem mais sorte com seu neto, Morty, que se junta ao avô em aventuras que os levam por todo o multiverso. A presença de Rick gera uma rutura entre o marido de Beth, Jerry – que Rick detesta – e a restante família.
Rick é um cientista que criou uma tecnologia capaz de o transportar a ele e aos seus companheiros por todo o universo conhecido. Por isso, ele e Morty encontram regularmente alienígenas e seres extradimensionais.
Parte do prazer de “Rick e Morty” é o humor negro que corre nas veias da série. Num episódio, por exemplo, os pais de Morty exploram as suas próprias vidas alternativas com capacetes de RV, para descobrir se seriam mais felizes se tivessem abortado o filho mais velho. No entanto, conforme o programa continua, o que realmente faz o episódio são as relações humanas que surgem em torno desses momentos de horror. Desprezar muita escuridão sem um vislumbre da humanidade seria “um abuso dos sentidos”, diz Harmon. “As pessoas são horríveis umas com as outras e nós temos a capacidade de pensar em pensamentos tão grandes que eles nos superam. Podemos reagir a isso de formas realmente animalescas e tornarmo-nos mais cruéis do que quando acordamos, ou podemos inesperadamente encontrar-nos a fazer coisas estranhas, porque há algo dentro de nós que quer que as outras pessoas sejam felizes. Tudo faz parte da psicose humana.”
Os momentos mais perturbadores da série tendem a girar em torno de Rick e das coisas aparentemente insensíveis e ocasionalmente assassinas que ele faz durante as suas aventuras com Morty. No primeiro minuto do episódio piloto, por exemplo, Rick é encontrado bêbado a sobrevoar uma cidade num hovercraft e ameaçando largar uma bomba que vai destruir a humanidade. É verdade que, quando se está constantemente a voar entre realidades infinitas e a matar versões alternativas de si mesmo e dos seus entes queridos, a vida humana pode começar a parecer um pouco sem valor, certo? Então, Rick será realmente um sociopata ou apenas alguém que sabe lidar com a vida de uma maneira diferente? “Eu não sou um profissional qualificado, mas vimos vários casos de Rick reagindo instantaneamente a um nível simpático”, diz Harmon. “Se Summer (neta de Rick) for espancada até à morte por alienígenas, não vejo Rick a cair de joelhos e a embalar o seu corpo e a chorar para o céu. Imagino-o a olhar fixamente para o cadáver dela e a fazer o que puder para substituí-la para que os seus pais não percebam. Os sociopatas jogam com a vida como se de um jogo se tratasse, eles não sabem a diferença entre o certo e o errado. Rick é um anarquista muito convencido e ele joga num mundo muito maior, o que faz com que a vida individual e as emoções das pessoas sejam insignificantes para ele”.
De certeza que já terás ouvido um dos slogans algo parvos da série, como “wubba lubba dub, dub” ou “pickle Rick!” Ou talvez “get schwifty”, uma frase que Rick inventa numa música com o mesmo nome. Existem também muitos memes de “Rick e Morty”, mas é provável que eles não sejam os memes favoritos da maioria dos fãs de “Rick e Morty”. Trata-se de facto de uma serie que é tão única que a sua explicação torna-se difícil. É quase como explicar a um cego o que é ver. “Rick e Morty” é uma serie que fascina quem a vê e, por isso, o melhor conselho que vos posso deixar é mesmo este: vejam a serie e confiem que não se vão arrepender.