The Haunting Of Hill House (2018) – Crítica

The rest is confetti.

– Nell

Esta série conta a história de uma família que decide confrontar as suas memórias em criança de uma casa aparentemente assombrada e os eventos que a expulsaram dela.

Uma excelente série de terror, com uma premissa inteligente e com uma execução que corresponde em todos os sentidos. Mike Flanagan já provou com obras como “Hush”, “Oculus” e “Doctor Sleep” que é um escritor e realizador que entende muito bem o género de terror e aqui consegue fazê-lo de novo, desta vez em formato de série.

Um dos aspetos que mais salta à vista nesta série são as inteligentes transições. Como esta história é contada paralelamente entre linhas temporais do passado e do presente, existe espaço para, por exemplo, uma personagem abrir uma porta no presente e passarmos para um momento em que alguém estava a abrir uma porta no passado. Contudo, é natural que estas transições se tornem algo cansativas pela forma como aparecem repetidamente.

O elenco faz todo um bom trabalho e gosto de analisar como em linhas temporais diferentes, os produtores conseguem ter pessoas que se parecem tanto a nivel visual como em maneirismos e isto aqui acontece também de forma competente.

A história dos 5 irmãos que vivem atormentados pelas experiências em criança e que devem viver com elas até aos dias de hoje é muito bem trabalhada com diferentes perspetivas por parte de cada um.

Em época de Halloween ou em qualquer outra época de ano é uma mini-série competente, rápida de ver e com componentes de terror muito bem executados.

* CUIDADO COM SPOILERS *

Falando agora dos 5 irmãos, estes são: Steven Crain (Michiel Huisman), um escritor que acabou por se “aproveitar” das experiências que teve na infância para ter sucesso nas suas obras, o que gera revolta por parte dos irmãos; Nell Crain (Victoria Pedretti), a mais nova dos irmãos e em muitos sentidos a chave de todo o mistério por de trás da casa Hill House, é a esta personagem que pertencem as cenas mais intensas e os episódios mais poderosos; Shirley Crain (Elizabeth Razer), que se torna diretora de uma agência funerária; Theodora “Theo” Crain (Kate Siegel), a rebelde da família que acaba por seguir o ramo do psíquico e por fim Luke Crain (Oliver Jackson-Cohen), um jovem problemático com constantes problemas de vício de drogas. Estas personagens são suficientemente interessantes e diversas para nos dar material para estudarmos de forma detalhada os segredos da casa onde cresceram, realçando de novo que Nell é sem dúvida a que mais passou e a que mais nos serve como fonte de informação.

Não esquecer também Carla Gugino como Olivia Craine a mãe da família e a protagonista na linha narrativa do passado juntamente com o elenco jovem que faz cada um dos respetivos 5 irmãos. É interessante analisarmos como todos os acontecimentos de infância resultam e moldam as pessoas que cada um é no tempo presente.

Para além de tudo isto os “sustos” surtem o seu efeito e são bem realizados, existindo uma consistência de episódio para episódio.

Um aspecto negativo, que não está relacionado exatamente com a série mas com a produção da mesma, tem a ver com o facto do realizador trabalhar várias vezes com as mesmas pessoas, Mike para além de trabalhar de forma constante com Kate Siegel, que aqui interpreta Theo e que é na vida real a sua esposa, traz também imensos atores que trabalham consigo noutros projetos, e para mim este tipo de escolha repetida de tipo de história e de atores, faz com que seja por vezes difícil distinguir uns papéis dos outros e torna a história como um todo menos única, ainda assim, mérito pelo que aqui foi conseguido por toda a produção.

Deixo aqui os meus 3 episódios favoritos:

S01E05, The Bent-Neck LadyO melhor episódio, um episódio centrado em Nell, nos seus medos, na sua esperança e com um final assombroso, tudo coroado pela bela melodia “Heavenly Day” que assenta que nem uma luva na temática do episódio.

S01E06, Two StormsUm excelente episódio, após a morte de Nell, perguntando a questão de como toda a família não parecia reparar em Nell.

S01E03, Touch Um sólido episódio , com Theo no centro da história e um assustador “vilão”.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Aprender a viver

Next Post

O homem da casa

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

Seven Seconds – Review

Assassinato com fuga, alcoolismo, corrupção policial e racismo, são alguns dos temas que vamos encontrar nesta…

Super-poder? Jornalista

Kara Denvers é mais do que uma assistente no império “Catco Worldwide Media”. Na verdade, é uma refugiada do…