Esta semana deveria escrever um artigo sobre o facto da ficção científica estar ou não a tornar-se realidade? Assunto muito interessante e com muito pano para mangas. O que vos posso dizer é que há cerca de 12 anos trabalhei numa empresa de domótica e aí tive o “wake up call”. Parecia que estava dentro do “Demolition Man“ e a minha cara devia estar tão espantada quanto a do Stallone . A partir daí, ficou claro que a ficção científica estava a entrar nas nossas vidas e que não era devagarinho, vinha com tudo! Segundo a Lei de Moore a capacidade dos computadores duplica a cada 2 anos e, se já nos encontramos num emaranhado de redes sociais, app`s e gadgets, imaginem daqui a 10 anos! Nessa altura, talvez já todos tenhamos um Ambrósio, que é, como quem diz, um Piloto Automático baseado em GPS, que nos leva a todo o lado sem termos de mexer uma palha no que toca a conduzir. As estradas aos domingos passarão a ser seguras, imaginem?!
Bem, mas não me vou alongar, como sou do contra, decidi falar do inverso, ou seja: será a nossa realidade ficção?
Esperem, ainda não endoideci! Bem, não por completo… Apenas comecei a ler uma série de ficção científica do escritor Terry Schott (The Game is Life, Digital Heretic, Interlude Brandon, Virtual Prophet, Shadows, Cyber, Digital Evolution, Fragmented), que recomendo vivamente.
A narrativa tem uma miscelânea de vários conceitos que já conhecemos, sendo as parecenças com o Matrix inegáveis. Bem, aqui vai. Prometo não dar spoilers desnecessários.
A história baseia-se no conceito de que a vida na Terra é um jogo gerido por um supercomputador, Mainframe. Os jogadores são crianças e adolescentes do planeta Tygon que se ligam a uns cabos e entram num estado de “coma induzido”. Os miúdos são enviados para o Jogo para aprenderem a ser adultos, quando atingem a maioridade recebem os créditos que ganharam convertidos em dinheiro e iniciam a sua vida adulta. Se, por acaso ficarem sem créditos durante a idade de jogo são enviados para institutos públicos e terão vidas miseráveis. Quando chegam/nascem na Terra, não têm qualquer memória da sua origem e da sua vida normal. Claro está que, se isto é uma regra, é porque existem excepções. Por sua vez, a vida em Tygon gira em torno do Jogo. Não existem escolas, não existem órgãos de comunicação social e não existem programas de entretenimento, pelo menos não os convencionais. As notícias são sobre o Jogo e os programas de entretenimento são “streamings” da vida na Terra. Durante a narrativa vão aparecendo vários personagens, uns jogadores outros nem tanto, os chamados Timeless. Os Timeless vivem há muito séculos na Terra e não morrem nem envelhecem. Existem os Eternals (anjos da guarda) e os Infernals (demónios). E, são eles, na minha perspectiva que introduzem a mais valia nesta história, a religião num sentido figurado, mais próximo do transcendental. Uma visão binária do mundo e das relações humanas que estabelece um paralelo com a matemática e com a própria programação.
Agora preparem-se! Falaram-me da “teoria da simulação”. Pesquisei na Internet e descobri que existem vários cientistas que acreditam que é bem possível vivermos numa simulação. Elon Musk (responsável pela Tesla e pela Space X), Rich Terrile (Director do Centro de Computação Evolucionária e Design Automativo no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA) e Nick Bostrom (Presidente do Instituto do Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford), são só alguns exemplos.
Desde Platão que o Homem se questiona sobre se a realidade que nos rodeia é de facto real. No entanto, desde 2003 que esta questão é levada a sério no meio científico. Inclusive estão a decorrer vários projectos e estudos para tentarem provar se vivemos ou não numa simulação. Quem me conhece sabe, ADORO, teorias da conspiração… são como a ficção científica, quase todas, mais cedo ou mais tarde, fazem parte da realidade.