Os portugueses degladiam-se para serem os mais beneméritos e aderem com veemência a todas as ações de solidariedade que lhes sejam propostas.
Pagam para ser solidários e são generosos.
Frequentemente, os movimentos de solidariedade são um êxito e, se bem divulgadas, transformam-se quase num milagre de multiplicação de euros.
No entanto, a solidariedade é bem mais do que doar dinheiro. Solidariedade pode ser um coração de papel feito com amor, uma conversa, um bocadinho do nosso tempo, doar sangue, medula ou cabelo. Solidariedade é pensar no outro e nas suas necessidades, é ser uma pessoa ética e com responsabilidades sociais.
Podemos ser solidários, diariamente, com pequenas ações e sem gastar um único cêntimo, bastando, para isso, pensar além do nosso próprio umbigo.
Ajudando o próximo nas dificuldades visíveis e inesperadas, facilitando a vida de todos aqueles que connosco se cruzam: abrir portas, segurá-las, ceder prioridade sempre que, sensatamente nos seja possível, quer em filas ou noutra qualquer situação de aflição ou necessidade por parte do outro.
Solidariedade é tão melhor, se for uma ação constante de boas práticas e de generosidade perante os outros, que um simples sorriso ou um dedo de conversa podem mudar o dia a alguém. O estacionar corretamente o nosso veículo, por exemplo, é respeito e solidariedade pelo outro, evitando-lhes constrangimentos ou dificuldades.
E porque não? O respeito pelas regras pode mudar tudo, inclusive o funcionamento de uma sociedade.
Solidariedade é uma postura e uma maneira de estar constante de consciência cívica, perante os outros, perante todos os seres vivos e perante o nosso planeta.
Solidariedade não é um ato isolado, em que prescindimos de alguns euros para confortarmos, hipocritamente, a nossa consciência e tentarmos assim “comprar” o nosso lugar no céu.
O dinheiro faz falta, sim, mas não chega.
Será esta maneira de pensar utópica? Ou, se todos colaborarmos um bocadinho, não traremos ao mundo uma lufada de ar fresco? Gosto de pensar que sim!