É praticamente impossível não se ser sensível a este tema.
Vivemos na ilusão errada que o que é preciso, é fazer crescer a economia, apenas pela economia do dinheiro, como se a vida das pessoas pudesse ser deixada de parte nesta equação. As economias que crescem no meio da pobreza são podres e pouco ou nada servem para enaltecer a grandeza da humanidade, infelizmente são muitos os exemplos conhecidos. Se pensarmos bem, tudo o que cresce e se expande na escassez, no lixo, na vulnerabilidade dos outros não pode augurar nada de bom.
Também temos a ideia errada que a pobreza é algo que só acontece às outras pessoas e nunca connosco. Acontece apenas aos que nascem em determinada condição social, no seio de determinadas famílias, país ou região do globo e que somos imunes a tudo isso. Não somos, porque a vida dá muitas voltas e o futuro é tudo o que não sabemos. Não podemos demitir-nos de tentar fazer alguma coisa para atenuar os efeitos da pobreza. Tal como as questões ambientais, é urgente procurar-se criar melhores condições vida para todos.
Por isso, a pobreza real só pode ser combatida com um esforço conjunto de todos que passa por se criarem alicerces sociais que apoiem as pessoas que vivem em pobreza. Eu acredito que a pobreza é um estado transitório, que pode e deve ser ultrapassado se conseguirmos ajudar as pessoas que vivem na pobreza a superar obstáculos. A pobreza não é só a falta de dinheiro, é a falta de comida, de condições básicas de vida, de educação, de assistência médica, de emprego, de um teto, de abandono… algumas pessoas podem ter efetivamente pouco dinheiro mas sem nunca passar fome porque têm uma família de suporte ou simplesmente porque aprendem a viver com pouco. O que estas pessoas não podem alimentar em si, é a falta de esperança ou a crença que uma vez pobres, serão sempre pobres. É ai que a sociedade tem de fazer o seu papel: a pobreza é uma condição ultrapassável, não permanente ou vitalícia.
O valor da vida ainda está desequilibrado na balança da economia, o peso do dinheiro condiciona as questões sociais, uma vez que se continua a privilegiar salvar a banca, a garantir que as economias de uma vida de trabalho serão repostas até ao último cêntimo. A escala de valores está baralhada! Enquanto vivermos deste modo, com a economia no topo da pirâmide, não iremos conseguir combater eficazmente a pobreza, porque não existe um verdadeiro compromisso entre quem governa, empresas e a sociedade no geral. Cada um ao seu modo, atira as culpas para o outro, sem que se consiga chegar a uma solução.
Tenho fé que um dia chegaremos lá. Não será no meu tempo, nem num tempo próximo mas haveremos de conseguir.