O despertador toca, já são 5:45pm. António levanta para mais um dia de trabalho. António é professor, mora nos arredores do Porto, mas especificamente em Vila do Conde, mas, está colocado em Rio Tinto, de metro são umas três linhas para chegar ao trabalho, de carro são algumas horas.
Dentro da casa de banho, o som da água do duche cai e é abafada pelo som da chuva do lado de fora.
– Vou ter de ir de carro, hoje. – fala António para ninguém em específico.
Mesmo indo de carro, António anda a correr, do banho para se trocar, da mala que leva o material que usará no dia, o café e um cigarro que toma na cozinha. A chuva não para.
Ele volta ao quarto dá um beijo na esposa, passa no quarto da filha e ajeita a coberta da miúda antes de ir. No elevador para garagem vasculha a mala para achar a chave do carro, ele acha no momento que o elevador abre na garagem. António abre a porta e entra no carro, ele liga o veículo e sai indo para a chuva a caminho do trabalho.
Já na entrada da A28 engarrafamento, ele liga o rádio e escuta que a pontos alagados e alguns acidentes devido a pista molhada. Será uma longa manhã até Rio Tinto.
– Devia ter pego o guarda-chuva e pego o metro…
A introdução acima mostra a vida diária de muitas pessoas que precisam se deslocar para o trabalho em transportes particulares ou públicos. O crescimento desenfreado das cidades, a falta de estrutura das mesmas para suprir a demanda de uma população cada vez maior é fator de estresse para os cidadãos que precisam se deslocar e para as autoridades que se vem obrigadas a criar alternativas para conter os problemas causados pelo crescimento de veículos e da poluição que os mesmos causam.
Nos tempos atuais é comum uma única família possuir mais de um carro e perderem o hábito de andar ou usar outros meios de transportes para chegar a um destino específico.
Ter um automóvel é uma faca de dois gumes, pois as alternativas disponíveis para compra são diversas, mas nenhuma controla ou diminui o nível de poluição que produzimos a cada segundo.
O que o futuro reserva? Se hoje temos cemitérios de carros em alguns locais do mundo, já teremos cemitérios de baterias. Já que, mesmo sendo uma alternativa vendida como amiga do ambiente, as baterias também têm prazo de validade e ainda não sabemos o destino delas.
Em alternativa, podemos pensar em transportes públicos de qualidade, que funcionem e que atendam a população e a reeduque. Mas, esse é outro desafio, com o crescimento não ordenado das cidades, o maior número de migrações, nós nascidos na globalização e na era da rapidez, somos cada dia mais irritados e ansiosos o que transforma os transportes públicos numa verdadeira guerra de sobrevivência. Pois, os mesmos, estão mais cheios em todos os horários, não conseguem ser confortáveis ou eficazes.
Acabamos entre a cruz e a espada. E não sei a resposta para o futuro que é já o próximo segundo.
Já são 6:45am. António já avançou no transito que segue em modo lento. O telefone toca e ele atende, dos autofalantes do carro uma voz feminina pergunta:
– Onde esta?
– Preso no engarrafamento indo para o trabalho, Joana. Porquê?
– Porque, hoje é feriado. – responde a esposa.
António coloca a cabeça no volante, precisará enfrentar esse quarto de hora para chegar próximo ao retorno e voltar para casa.
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