Quantas vezes vêm à nossa memória recordações do passado desencadeadas por algo no presente? Não só o que se passou há pouco tempo, mas também o que se passou há muitos mais anos. De repente, naquele pequeno espaço de tempo, sentimo-nos transportados para um momento da nossa vida, parecendo que estamos a vivê-lo de novo.
Esta capacidade do ser humano de criar memórias e recordar-se do que já aconteceu há muito tempo é simplesmente incrível. O mais espetacular de tudo isto é a maneira como existem no nosso dia a dia pequenas coisas que desencadeiam memórias do passado e nos levam a momentos da nossa vida de que já nem nos lembrávamos.
Quantas vezes já sentimos um cheiro, ouvimos uma música, vimos um objeto ou um lugar que nos levou a um momento do nosso passado? E, sobretudo com cheiros, a recordação é tão real, tão vívida, que nos leva exatamente a sentir o que sentimos nesse momento. Basta reconhecermos um cheiro para que pareça que somos transportados para aquele lugar, para aquele momento no passado, mostrando como a conexão entre os aromas e as emoções é extraordinária.
Isto acontece acima de tudo com o sentido olfativo, mais do que com os restantes sentidos, devido à proximidade ao sistema límbico (responsável pela coordenação da memória e da afetividade e, por isso, fundamental na organização de recordações associadas a emoções). E sabemos que resulta tão bem. Um cheiro já nos transportou à escola primária, à casa de algum familiar ou a um lugar por onde já tenhamos passado.
Contudo, também com os restantes sentidos podemos recordar-nos do passado. Quando vemos uma paisagem, um caderno da escola, uma fotografia, quando ouvimos uma música ou comemos algo cujo sabor nos remonta a outros momentos. Por evocar sensações semelhantes ou por representar algo que, podendo até ter passado despercebido no passado, agora nos leva de novo até ele, de uma forma inesperada, mas realmente fascinante.
Assim, estamos no nosso presente tão ligados ao passado através de estímulos percecionados por todos os nossos sentidos, mostrando como o ser humano é incrível na criação de memórias e, acima de tudo, na lembrança tão vívida que, por vezes, temos das mesmas.