Existem sensações que não se explicam porque só podem ser sentidas.
O sol, a areia da praia, o mar e eu, um quarteto que se alcança com esta articulação de elementos.
É assim sempre que a comunhão acontece, o meio ambiente integra-se e tudo faz sentido. Naturalmente nem sempre é fácil que aconteça, mas quando acontece é verdadeiro, intenso e muito apreciado por mim.
Regresso sempre junto ao mar, local verdadeiramente inspirador que nos transporta sem dificuldade para a leveza do nosso ser, somos apenas nós e a natureza, já nada mais vale, nem nada mais importa.
É nestes momentos que tudo acontece, as boas ideias surgem, a paz regressa, as memórias arrumam-se e apaziguam-nos e voltamos a nós, num encontro perfeito e autêntico entre nós e o nosso eu, aquele que nem sempre queremos encontrar.
A brisa do mar e o calor do sol imanam uma energia muito poderosa que toma conta do nosso pensamento permitindo que sintamos verdadeiramente quem somos, o que queremos e qual o sentido da nossa existência.
Ser espiritual também tem estas coisas boas de nos permitimos ser … sem receios nem ansiedades, ser apenas pessoas mais do que de bem, pessoas boas.
E nestes momentos percebemos o sentido da nossa existência, sem mais nem porquê.
Se nos quiséssemos conhecer verdadeiramente a nós próprios, ninguém nos conheceria melhor, no entanto, nem sempre o conseguimos ou queremos fazer. Por vezes gosto de parar e de ficar comigo própria sem medo, deixar-me apenas estar, e sentir a pessoa que sou. Uma pessoa com características positivas e menos positivas, como qualquer outra, uma certeza, serei sempre pelo bem.
Tudo é caminho, ouvi hoje numa conversa, e de facto é verdade, tudo por que passamos ou que nos acontece é parte integrante do que somos enquanto ser humano, somos o resultado das nossas vivências e aprendizagens, mas nunca seremos apenas isso, seremos sempre nós e as nossas circunstâncias.
Tão fácil tecer comentários ou emitir opiniões sem nunca ter calçado os sapatos de quem se critica. Avaliar e tecer considerações, muitas vezes do alto de uma tremenda ignorância e falta de humildade. Contudo acontece com tanta regularidade. Procuro sempre não o fazer, não digo que nunca o tenha feito, mas procuro sempre que os outros tenham de mim apenas o melhor, e reter de cada um o que de mais positivo e bom tenham para oferecer. Afinal, defeitos todos temos e falhar acontece a todos.
Mas voltemos à maciez da areia, ao terno calor do sol e à melodia que se ouve nas ondas do mar e que geram toda uma envolvência inspiradora. Porque cada nota musical que o mar solta, transporta consigo a energia da vida que se revigora no aconchego morno do sol, que nos aquece sem escaldar.