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O papel da Arte na luta LGBTQ+

Nas últimas décadas, assistimos ao poder que a arte tem de explorar assuntos que em outros tempos eram tabu, por respeito ao público que representava a maioria não se permitia transmitir algo que fugisse ao convencional. A exposição do “beijo gay” em televisão é algo relativamente recente, porque isto era visto como símbolo de uma certa conivência com a depravação. Coloco na introdução a este artigo a seguinte questão: “Não expor determinado tema faz com que ele não exista?”

Esta questão reflete no principal argumento que está na base do preconceito, que assenta no facto de muitos acharem que esta liberdade de escolha influencia diferentes opções às novas gerações, como se uma opção não tradicional fosse a capa para ser revolucionário. Os números de apoiantes à comunidade LGBTQ+ crescem cada vez mais, simplesmente porque vivemos num mundo em rede, e o fácil acesso a tudo cultiva uma mente aberta às diferenças. Na verdade, a arte está no centro desta rede, desde o princípio dos tempos, pois ela assume um papel de Representatividade, criando e explorando sentimentos, sensações, testemunhos, histórias e versões alternativas. Desde aquilo que vemos nas manifestações, na rua, nos Museus, nas galerias, na música e essencialmente no audiovisual.

Aqueles que não gostam do espaço que a arte tem assumido contra o preconceito, justificam que isto traz demasiada influência, essencialmente nos adolescentes que iniciam agora sua vida sexual. Isto, porque acreditam que a arte e os seus representantes mais influentes servem de mentores às novas gerações e pressionam a desmistificação deste tema, passando, assim, a imiscuir-se demasiado no íntimo de cada um. Como se isto fosse de certo modo visto como uma droga moderna, que todos precisamos fugir para não cair no risco do vicio, ou como se arte fosse uma religião representada por ceita que irá destruir o normal funcionamento do Mundo.

Na verdade, toda a informação e diversidade que há no mundo é fundamental para o respeito ao próximo e à compreensão sobre as suas escolhas, mas é um pouco irrelevante para uma possível mudança profunda sobre nós mesmos. Permitir a liberdade de escolha de relacionamentos do semelhante não altera a atração sexual natural que sentimos por alguém, desejo é algo que não se cria, química entre corpos é algo que nunca alguma lógica vai conseguir explicar. A mudança de mentalidades pode mudar a cabeça de alguém, mas, não, ela não tem o poder de mexer com o instinto e não são os tempos modernos que alteram isso. Se alguém, por aquilo que vê numa série, numa exposição e afins fica com vontade de experimentar algo diferente, isso estava lá, adormecido, mas já estava lá.

Claro que se debatermos a fundo este tema, percebemos que essa porta poderia ter ficado fechada ou nem sequer ter sido notada se não fosse tão fácil o acesso à informação, à imaginação ou identificação. No entanto, o reconhecimento que existe de milhares de pessoas, quando sentem vários artistas a darem voz a este tema, é surreal, e todo o caminho para ser mais feliz, com nós mesmo e/ou com os outros é e deve ser tomado. Viver uma mentira é tão doloroso para a própria pessoa como para um companheiro ou companheira. É uma questão emocional e intensa essa de ser primeiro verdadeiro com nós próprios para conseguirmos ser verdadeiros com alguém.

Acima de qualquer coisa, a arte criou este laço com a verdade mais profunda, esse espaço de conversa íntima, sair do armário é algo que ainda é muito difícil e doloroso, seja por opção sexual, por identificação sexual, por uma postura diferente, por toda a diversidade que há no mundo. A arte não só encoraja a abrir essa porta, como é o principal aliado na luta de qualquer pessoa que esteja perdida a encontrar-se um pouco mais consigo mesma e a não se sentir-se numa grande solidão.

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