Vivemos num mundo onde a importância da imagem e o acesso imediato à informação são uma constante. Através dos ecrãs e ao alcance de um clique, temos o mundo diante dos nossos olhos.
Estas afirmações podem parecer banais, frases batidas, mas são a realidade do mundo contemporâneo. E são esses ecrãs que nos apresentam um conjunto de pessoas mais ou menos conhecidas, mais ou menos notáveis, as designadas celebridades. Alguém conhecido do público em geral, proveniente de áreas tão diversas como o cinema, a música, a arte, a literatura, o desporto, a moda, o cinema ou a televisão, entre outros.
Na realidade, o aparecimento de celebridades não será apenas de agora. Ao longo de vários momentos da história, antes e depois da presença assídua dos meios de comunicação (jornais, rádio e televisão) e do acesso generalizado aos mesmos – e muito antes das redes sociais – várias pessoas marcaram o mundo. Algumas delas até o mudaram de tal forma que as suas concretizações passaram a ser parte integrante da história da humanidade. Quem não se recorda de nomes como o do Imperador César Augusto, da santa Joana d’Arc, do escritor William Shakespeare, da espiã Mata Hari, da escritora Anne Frank, do pacifista Mahatma Ghandi, do ativista Martin Luther King Jr., da atriz Marylin Monroe, do pintor Pablo Picasso? E tantos outros que poderiam ser citados, pois atingiram tal notoriedade em determinados contextos de espaço e tempo, que perpetuaram a sua influência até à atualidade.
As celebridades de ontem poderão não ser as de hoje. A globalização potencia o aparecimento de muitas e novas celebridades, algumas delas algo efémeras. Os meios de comunicação social e as redes sociais divulgam-nas a uma velocidade estonteante e a autopromoção é uma ferramenta essencial na difusão de personas, independentemente das concretizações atingidas serem ou não dignas de nota ou de memória, presente ou futura.
E, na medida em que cada sociedade é regida pelos seus próprios valores e conceitos estruturantes, isso dita a tipologia de celebridades existentes em determinada época histórica. Será que todos os famosos da atualidade manterão o seu fulgor à medida que o fio do tempo se for desenrolando? Quais se manterão e continuarão a influenciar as gerações vindouras? São questões às quais cada um de nós poderá responder de acordo com as suas próprias referências e preferências.
Contudo, o que nos leva a nós, comuns mortais, a seguir determinada celebridade? A acompanhar o seu percurso profissional e pessoal, as suas redes sociais e a colocar “gosto” numa publicação? O que nos faz sentir empatia, respeito, admiração, desejo, por alguém que nem sequer conhecemos? Ou melhor, conhecemos apenas através dos ecrãs a imagem que projetam sem, na realidade, sabermos qual a sua verdadeira essência? As respostas dependem daquilo que cada um valoriza: a audácia, a beleza, a coragem, o dinheiro, a fama, a inteligência, o sucesso, o talento…
Será inevitável constatar o impacto dos famosos na sociedade, com níveis de influência diferente e em áreas distintas da nossa vida quotidiana. De que forma nos deixamos moldar por estas celebridades? E em que medida essa influência é positiva ou negativa?
Ditam tendências e modas, influenciam os nossos gostos pessoais e a nossa forma de estar na vida: a música que ouvimos, os livros que lemos, as roupas que vestimos, as marcas que preferimos, os locais que queremos ou não visitar, os restaurantes que queremos experimentar. A outro nível, poderão ter peso nas nossas opiniões (na política, na sociedade, na educação) e na nossa visão do mundo.
Em casos mais extremos, copiam-se maneirismos, formas de vestir, e até se dão os nomes aos filhos em sua honra. Idolatra-se uma imagem construída pelas luzes da ribalta, sem destrinçar a realidade da ilusão. Dir-se-ia que uns querem viver a vida de outros, numa vida idealizada e imaculada, que muitas vezes não corresponde à realidade.
Há que aprender traçar limites. Porque não há vidas perfeitas e ainda bem.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico
