O ser humano é incrível. Para algumas pessoas só és bom enquanto fazes o que elas querem ou dizes o que elas gostam de ouvir, porque quando te impões, colocas as cartas na mesa e tiras essas pessoas do pedestal, passas com facilidade de amigo a uma pessoa falsa e mal-educada, que não merece qualquer respeito. É que aos olhos de pessoas de pouco – ou nenhum – caráter, tu só tens valor enquanto estás de braços abertos, tal qual Cristo Rei no Santuário, para acolhê-las e servir de escrava para as suas vontades, como se fosses uma marioneta que usam a bel-prazer.
Quando tomas uma decisão e ganhas voz, automaticamente estás a perder utilidade e tornas-te mais uma pessoa no meio de muitas, rotulada de medíocre.
O problema da maioria das relações, principalmente, das amizades, é que nós, na nossa ingenuidade, deixamo-nos ser adorados e admirados como deuses pelo outro que não tem o equilíbrio emocional necessário na vida para sobreviver sozinho, com isso, o outro agarra-se a nós, alimenta-se da nossa energia – que nunca teve – e vai sugando a pouca sanidade que nos resta.
É fácil ser-se amigo, quando o outro nos abraça mesmo que sejamos uma porcaria enquanto seres humanos, difícil é aceitar que nem todas as pessoas têm a obrigação de nos estender a mão, o tempo todo, a vida inteira. Difícil é aceitar que o outro não é fantoche nas nossas mãos, que as pessoas não são brinquedos e que não podemos guardá-las numa caixa de cada vez que nos fartamos dela, uma caixa que vamos abrindo e fechando consoante as nossas necessidades.
Prefiro ficar sozinha, com Deus como testemunha (eu fico com Deus, mas cada um fica com a crença que melhor lhe servir), do que acompanhada por pessoas que só estão ao meu lado enquanto precisam de reforços, de um back office, de um porto que sustenha o peso das suas mentiras.
Não sejas uma bengala na vida dos outros. É certo que todos precisamos de um apoio de vez em quando, mas há uma grande diferença entre repousar a cabeça no ombro de um amigo e usar o amigo apenas como uma bengala para chegar aonde nos convém.
Ter poucos amigos não significa que sejas imperialista, que vivas com o rei na barriga ou que te aches superior. Ter poucos amigos, na maioria das vezes é um indicativo de que perdeste demasiado tempo a dar a mão às pessoas erradas e sabes escolher quem realmente merece esse estatuto na tua vida.