O bilionário Matthew Prince foi para as redes sociais queixar-se de Portugal.
Disse que “Portugal tem ficado pior desde que ele começou a investir no país”. Ora, se eu começasse a frequentar mais um local e tal começasse a ficar cada vez mais com cheiro a suor sempre e só quando comecei a lá ir, eu pensaria em mudar de desodorizante. No entanto, tratando-se do Matt, claramente o problema é da axila alheia.
O que terá gerado tanta revolta contida na frase: “A situação do aeroporto de Lisboa é uma porcaria (ele não disse porcaria) e as multinacionais que pensam em investir aqui deviam pensar duas vezes”? Claramente terá sido uma situação grave para implicar que todo um país não merece investimentos… ou então foi só birra por alguém lhe ter pedido para ver uma mala.
Na entrada para o seu avião privado no Aeródromo de Cascais, foi-lhe pedido para submeter a sua bagagem ao controlo de segurança. É algo claramente indigno, como ousam os seguranças de um aeródromo tentarem assegurar segurança no aeródromo? Começa assim e não tarda uma pessoa nem uma bombinha pode levar num avião. É este o tipo de sociedade em que queremos viver? Em que nem dá para levar coisas perigosas em aviões?
As crianças costumam ter medo do bicho papão, o pequeno Mateus tem medo da palavra “não”.
Há que apreciar o raciocínio: “Ai querem ver a minha mala? Esperam lá que eu vou dizer mal do vosso país inteiro“. Mal ele sabia que até há pouco tempo Portugal tinha um deputado perito em ver malas dos outros.
Sinto que, por esta lógica, se o homem fizer um exame à próstata fica revoltado contra toda as pessoas que tenham dedos.
Entre as várias queixas, disse que nenhum político português tentou falar com ele, e realmente é muito grave os políticos de um país não pararem tudo o que estão a fazer para se certificarem de mostrar que sabem que o pequeno prince existe.
Nas palavras do empresário, “se estiverem a pensar (investir em Portugal) com uma empresa de tecnologia, seriam loucos se não tivessem algumas garantias concretas do governo”, porque nada diz mais independência e mercado livre do que a cada instante precisar de um governo que lhe dê festinhas com uma mão invisível. É como um adolescente revoltado com os pais, mas que depois precisa que o papá lhe dê boleia.
O deputado Mário Amorim Lopes do partido Iniciativa Liberal veio prontamente ao socorro do pobre bilionário dizendo que “Teria todo o gosto em recebê-lo… e discutir o assunto em pormenor”. O mais espantoso foi a resposta do deputado não ter sido mais semelhante a algo como: Com certeza senhor bilionário, foi muito feio o governo português não lhe fazer cafuné, posso eu ter a honra de afagar o seu cangote? Até sou deputado como gente grande e tudo.
Infelizmente tal delicadeza foi respondida com o endereço de e-mail institucional da empresa. É como tentar mudar a fralda a um bebé birrento, ele nunca nos vai dizer obrigado.
Sendo o Matthew Prince norte-americano seria de supor que esta conversa ocorreria em inglês, mas pelos vistos a língua de origem dele é o choro.
Copérnico dizia que o mundo girava à volta do sol, mas o CEO da Cloudfare sabe que o mundo gira à volta dele.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico