Portugal voltou a fazer história. Este evento prestigiou enormemente o país além fronteiras e foi repleto de momentos de imensa partilha multicultural e muito convívio social, que os participantes puderam ter nos recintos (e não só).
Este não foi um evento exclusivo da juventude católica, mas de todos aqueles que ainda acreditam que podemos ter um mundo melhor, jovens e não só.
Naturalmente cada qual tem a sua opinião, mas, pelos dias do evento, ouvi provavelmente a frase mais estúpida que tive o infortúnio de ouvir nos últimos anos. Aliás, mais valia não ter sido proferida, pelo infeliz momento de quem a proferiu. Alguém disse (não vou referir o nome, porque não merece essa referência) “temos uma grande derrota nestes dias, que é a democracia portuguesa”, referindo especificamente as JMJ.
Como é que é possível alguém ter tal ideia? Pior do que ter a ideia é mesmo verbalizá-la, direcionando depois o contexto noutro sentido ao longo da explicação, mas que literalmente afirma que a democracia portuguesa foi derrotada nesta edição das JMJ. Não temos de ser todos católicos nem tão pouco apreciadores da figura inigualável do Papa Francisco, mas há mínimos que têm de ser considerados, quando se trata de ser respeitoso, e são afirmações deste nível que derrotam a democracia portuguesa, que tanta luta deu a construir, mas que não pode valer tudo.
A nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros e a pessoa que fez esta afirmação, claramente, não tem a mínima noção destes conceitos. Bastaria um rasgo curto de inteligência e até de patriotismo para se perceber que este foi um evento que colocou Lisboa e Portugal nas notícias de todo o mundo, e desta vez não foi por tragédias ou crises financeiras, ou outros assuntos menos positivos.
As JMJ mostraram ao mundo um evento imaculado de violência e onde apenas se falou e promoveu o lado bom do ser humano, crente ou não crente, católico ou não.
Falamos de uma iniciativa que promove, em termos sociais, a sã convivência entre os seres humanos, neste tempo em que a Europa e o mundo se veem há mais de um ano, confrontados com uma guerra que não tem fim à vista. Não falamos aqui da Igreja, nem da sua hierarquia. Neste evento, os principais intervenientes foram aqueles que são a verdadeira Igreja, as pessoas, que recorrentemente procuram que os seus dias e os dos outros sejam um pouco melhores.
Como é que alguém do alto da sua elevadíssima arrogância e prepotência, de quem conhece muito de vários assuntos, os designados “especialistas de coisa nenhuma” abre a boca e diz tamanha alarvidade?
Haja bom senso e, sobretudo, sentido de Estado, estas Jornadas foram um belíssimo cartão de visita de Portugal dado ao mundo.