“I love you Dexter! I just don’t like you anymore!”

One Day é mais um filme que apela ao coração e ao sentimento. Este filme, adaptado de um livro com o mesmo título, tem como base uma história de amor entre dois opostos – Ela, Em, a rapariga responsável, sonhadora e uma eterna idealista; Ele, Dexter, o eterno irresponsável, bonacheirão e sem rumo. Estas duas personagens criam um laço de amizade, no dia da formatura da faculdade, e passam essa noite em claro, a falar de tudo e de nada. Partilham conhecimentos, sonhos, gostos e desgostos. Experiências de vida, boas e menos boas. Algumas amargas até. O filme acompanha-os ao longo de 20 anos de amizade, mas só temos direito a assistir a apenas um dia de cada ano, o do aniversário da data em que se conheceram.

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Tudo o que nos é mostrado é de um realismo tal, que qualquer um de nós se pode rever neste filme. Não na distância das personagens, mas sim nas situações. Eu identifico-me principalmente com Em. Perdida aos 25 anos, sem ver grande solução para a vida e sabendo apenas que “tem de haver mais do que isto”, que a sua “vida não pode ser apenas isto”. Acredito que existam muitas pessoas que se identificam com Dexter, pois é esta a personagem que, a meu ver, sofre a maior evolução, ao longo de toda a história. Dexter começa sem planos. Sem planos de estudo, sem planos pessoais, sem planos de vida e, de uma forma quase milagrosa, consegue aprender com todos os erros que comete e torna-se numa pessoa melhor. O fim deste filme relata, talvez, a crueldade maior do universo em relação a esta personagem, mas eu acredito que a isso chama-se de Karma e que tudo o que damos ao universo nos é devolvido em alguma parte da nossa vida. Sim, porque Dexter acaba por pagar por todos os anos de bebedeira e de consumo de drogas e afins.

Antes de ter visto este filme li o livro e digo-vos o porquê: não foi a estrondosa publicidade de que o livro sofreu, quando foi adaptado a filme, que me atraiu, foi sim um pequeno artigo publicado na revista inglesa Marie Claire, onde se definia uma “Dexter Relationship” (eu, confesso, tenho uma relação destas com um grande amigo). Para que percebam melhor o que isto significa, deixo aqui a definição que o jornalista aplica a uma Dexter Relationship:

Wether or not you’ve had sex is immaterial. The real connection that binds you together is an emotional one. A mutually beneficial comfort blanket, offering shelter from life’s trials and tribulations. Regardless of wether your Dexter is an ex-boyfriend dating back to university or a colleague you share a lunchtime sandwich with, the real reason these special friendships exist is because they come without the everyday burdens of responsability, mundanity and arguments over wallpaper and wardrobe space that routinely test the most devoted of unions. Fundamentally, a Dexter relationship is built on the understanding that each party is able to drop their baggage at the other’s door, find empathy, gain insight into the opposite sex, then walk away until the next time – be that tomorrow or in two year’s time. This is pillow talk without the pillow – just so long as you abide by the unwritten rules.

Sabem uma coisa? A dinâmica desta relação é tão igual a que qualquer um de nós tem com alguém que esteja presente na sua vida. Já analisaram bem os vossos amigos? Não conheceremos todos um Dexter e uma Em? Não serão, por ventura, eles que mais coisas têm para nos ensinar? Só espero que o Karma me trate um bocadinho melhor que ao Dexter!

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