As notícias entram na nossa vida todos os dias: em casa, no carro, no telemóvel ou no computador. Normalmente, as notícias com mais destaque são as negativas, o que se explica não só pelos critérios de seleção noticiosa dos jornalistas, mas também pela pertinência desses mesmos acontecimentos e pela importância que eles têm (ou devem ter) para o público. A partir desta introdução é possível chegar a uma conclusão clara, embora precipitada: o que recebemos por parte dos media é tão negativo que influencia o nosso estado de espírito e nos deixa mais deprimidos.
No entanto, esta conclusão não é totalmente verdadeira. Entendo as notícias como a melhor forma de nos mantermos atualizados quanto ao mundo em que vivemos. Ora, para sabermos o que se passa à nossa volta, temos de ouvir o bom e o mau, o positivo e o negativo – é exatamente como conhecer uma pessoa e tentar lidar com os seus dois lados, o melhor e o pior. Torna-se clara a ideia de que aquilo que ouvimos nos influencia, tendo em conta que acontece em nosso redor e, neste caso, tanto o bom como o mau têm os seus devidos efeitos, mas o que importa salientar é que temos de tentar abstrair-nos do que ouvimos de modo a não nos deixarmos deprimir com o que é mau.
Há quem diga que a ignorância é uma bênção – acredito que, em certos casos, esta frase seja verdade. Contudo, no que à informação diz respeito, a única bênção é o conhecimento. Se não conhecermos o mundo à nossa volta e não tivermos noção dos eventos negativos que acontecem todos os dias, em todo o lado, enquanto vivemos as nossas vidas comuns, nunca poderíamos ter opinião sobre esses assuntos, tomar precauções quanto a eles, nem percebermos a realidade que nos circunda. Por outras palavras, seríamos apenas um bando de ignorantes iludidos na ideia de uma felicidade que, na verdade, não existiria.
Assim, não nego o impacto negativo que as notícias possam ter no nosso estado de espírito, mas acredito que a falta de notícias – boas e más – teria um impacto, arrisco-me a dizer, devastador.