Capitalismo (vs) Social

O Capitalismo é, nos tempos que correm, a ideologia política e social mais difundida. Para onde quer que olhemos, proliferam os grandes comércios, os centros comerciais, os hipermercados, aqueles locais onde, em prol de uma riqueza individual, trabalham centenas de indivíduos.

Na cidade onde vivo, os dedos das duas mãos não chegam para contar os super e hipermercados e, no espaço de 50 m de distância, estão neste momento a nascer mais dois. Olhando pelo lado positivo, são umas dezenas de empregos que ali estão a nascer, mas, olhando por outro prisma, falamos somente de capital, de consumo, de transacções económicas. Pouco importa que aqueles trabalhadores não tenham domingos, trabalhem feriados e “dias santos”, tenham turnos para reposição e vejam os filhos 2 horas por dia.

Pouco importa, porque eles são simplesmente o proletariado e algures há um senhor a quem encher os bolsos. E nós vamos, nós compramos. Nós vamos ao Domingo, não porque não estejamos solidários com os trabalhadores, não porque estejamos indiferentes, mas porque é o dia que “temos disponível”, o dia do “descanso”, o dia que passamos a correr para ter tudo “ao jeito” para amanhã irmos trabalhar. A máquina está oleada e não pode parar, nunca!

Sem dúvida que o Capitalismo gera economia e a economia faz mexer o mundo, mas daí até sairmos de casa para trabalhar, para pagar a prestação do carro que usamos para ir trabalhar ou deixarmos metade do vencimento nos cartões que usamos para comprar a máquina de lavar louça ou o robot de cozinha, algo não está bem.

Quando a nossa vida se resume a trabalhar para pagar dívidas, a qualidade de vida que pensamos estar a comprar está na realidade a perder-se.

Não podemos permitir que o capital governe a nossa existência, que o peso do euro seja superior ao peso da família, dos amigos, da qualidade de vida que se consegue com pouco: o passeio no parque com os filhos a um domingo de manhã, a bebida fresquinha e o pires de tremoço a dividir com amigos na esplanada da praia, o passeio ao luar com a cara metade, a caminhada no campo, a leitura de um bom livro, o jantar calmo na varanda naquele final de dia abafado de Agosto.

Todos estes pequenos Prazeres custam muito pouco e são muito mais importantes que as horas extraordinárias que fazemos para adquirir aquele utensílio de cozinha que faz tudo e mais um par de botas para nos “poupar”.

Claro que temos de trabalhar, a não ser que tenhamos nascido com o “rabo virado para a lua”, dificilmente conseguiremos sobreviver sem o capital, sem o consumo, sem o consumismo. O segredo está, como em tantas outras coisas na vida, naquela balança invisível que trazemos instalada na prateleira 33 do nosso cérebro: a balança que equilibra trabalho e vida social, vida familiar e amigos. A balança que nos diz que nós controlamos o nosso dinheiro e não o contrário.

Capital de um lado, social do outro, o segredo está no equilíbrio!

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