Ao mesmo tempo que o Mundo avança, a Natureza recua. Na mesma velocidade em que a tecnologia dá assas a tanto, a Natureza revela os muitos estragos causados. Estamos mais em superficialidade e menos em profundidade. Preocupamo-nos tanto com o parecer e bem menos com o ser. E os factos palpáveis mostram-nos isso, ainda que tenhamos dificuldade em aceitar.
As metas, os objetivos e todo uma lado prático e textual é realmente importante, mas todo o lado menos objetivo e claro também o é. E, como em tudo na vida, o equilíbrio é essencial e realmente necessário. Assim também o é, quando a questão está ligada aos nossos filhos e a todas as “notas escolares” pelas quais são pautados. Primeiro vemos o resultado e depois lá vamos dando importância ao resto. Neste caso, a todo o processo para chegar aquele resultado.
E, se há coisa que já deu para perceber, é que o tempo tem andado numa azáfama. Já quase nada se faz na calma. É a correr, depressa e depressinha porque precisamos fazer mais, no menor tempo possível. Daí a necessidade imediata de perceber que os nossos filhos estão bem “pautados” e que o tempo “perdido” à volta disso é o menos necessário. E, na verdade, pouco importa se eles até nem gostam desta ou daquela disciplina, desta ou daquela matéria. Importa que deem resultados concretos. E nas entrelinhas perdemos a noção do que verdadeiramente os faz sentirem-se bem e realizados.
E, é nestas entrelinhas, que perdemos os nossos filhos. Perdemos a oportunidade de saber mais e melhor sobre os nossos filhos. Perdemos a oportunidade de os conhecer, porque estamos com demasiada pressa para isso. E, muitas vezes, projetamos neles os nossos sonhos e frustrações, mas permitimos que eles sejam rotulados com notas e adjetivos menos agradáveis. Ainda que sejam uns génios, e todo o processo se revele mais à frente no tempo, eles não têm tempo para isso.
A capacidade de raciocínio fica comprometida, porque a capacidade de “memoriza aqui, que depois já despejas acolá” sobrepõe se. Mas tem que ser assim, porque assim demora menos tempo. E, andamos como uns ratinhos no carrocel, até que o carrocel se danifique e já não saibamos como fazer. Porque até então só tínhamos aquele carrocel para nos entreter. E, depois tudo passa e o tempo corre, e ainda assim ficamos insatisfeitos com os resultados.