Estes são tempos complicados que se vivem, tudo pode não ser verdadeiro, a cada minuto se altera e melhoram as tecnologias associadas à inteligência artificial.
Vale a pena um pintor sentar-se em frente a uma bela paisagem e produzi-la pela sua mão, sob a bitola da sua inspiração e arte natural? Ou simplesmente desenhar uma bela mulher que lhe serve de modelo para a sua arte?
Afinal podemos pedir ao computador que nos desenhe uma paisagem com determinadas características, com o sol neste posicionamento e o reflexo a incidir sob determinada perspetiva, tão perversa esta questão!
Que mundo é este que permitimos que fosse criado, em que já quase não se distingue o verdadeiro do falso e o real do que é apenas a criação de uma máquina? Em que universo existimos nós, seremos ainda humanos, ou apenas o resultado do que nos condicionam a ser?
Estará a tecnologia a refletir simplesmente aquilo que já é a nossa sociedade há tanto tempo?
Afinal, temos já alguma dificuldade, por vezes, em distinguir o verdadeiro do falso, o autêntico da cópia ou até o sorriso genuíno do que é mostrado para nos agradar ou mesmo apenas porque é expectável que se sorria.
Mais uma vez, o desenvolvimento tecnológico que poderia e deveria ser utilizado para nosso benefício, e assim dizem que será, enquanto sociedade e seres humanos, há-de ser maioritariamente utilizado para tentar enganar o outro. Ludibriar e alcançar benefícios financeiros ou outros, por conta da sua utilização. Descurando a criatividade, a originalidade e a verdadeira arte.
Também iremos perguntar às APP da inteligência artificial como ser mais felizes, ou como fazer o nosso trabalho? Não poderemos por uma vez utilizar estas ferramentas de modo sensato e enquanto facilitadoras da nossa vida, ao invés de tentarmos tirar partido dela, destorcendo-a? Ou saberemos fazê-lo de modo sensato?
Que será feito da criatividade humana, dos artistas? Não falo da criatividade “tonta” que serve para inventar disparates, que em nada contribuem para a nossa evolução enquanto sociedade. Falo especificamente da criatividade genuína que nos está intrínseca enquanto seres humanos, mas que em tantas situações nunca foi desenvolvida por nós enquanto seres humanos.
A criatividade artística que tanta beleza confere à nossa vida neste mundo, teremos daqui a uns anos arte baseada na inteligência artificial ou haverá artistas que continuarão a embelezar a nossa vida com a sua arte?
E a escrita? Medo do que se lerá no futuro, será tudo fruto da inteligência artificial? Como fazer a distinção entre o que é naturalmente escrito ou artificialmente criado?
Tantas dúvidas se levantam nestes tempos, nem sei…
Confesso que tenho algum medo, diria receio do futuro que se aproxima, ao qual parte da sociedade já se entregou a esta chamada inteligência artificial, demitindo-se do seu papel tão importante do mundo, enquanto Ser Humano preservador do bem estar humano, e da vida no planeta Terra.
Como diziam os antigos… “quem viver, verá”.
“Pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade. Sem essas virtudes, a vida será violenta e tudo será perdido”.
Charles Chaplin
Num mundo já cheio de arficialidades, é assustador o futuro que se avizinha. É a praga dos loucos que guiam os cegos. Os loucos da ganância desmedida pelo poder e dinheiro, e os cegos que aceitam caminhar para o abismo da desumanização, usando e patrocinando cada vez mais uma evolução tecnológica sem qualquer critério ou valores éticos e morais.
E o pior é que somos nós que que lhes damos ferramentas para ganharem milhões, à custa dos dados que lhes fornecemos gratuitamente, todos os dias.