Bezerros de Ouro

Nestes últimos dias, dei por mim a observar o mundo através dos últimos acontecimentos. Confesso que não gosto muito do que tenho visto e pergunto-me porque é que continuamos a chamar aos habitantes deste planeta de humanos. No meio de todas as confusões que têm existido, nomeadamente pelas nossas bandas, há outras que pedem a nossa atenção, nomeadamente a situação na Faixa de Gaza.

Enquanto cá nos debatemos com uma simples avaliação de professores, com os distintos educadores a terem cartazes mal escritos e a bloquearem a avaliação numa escola com atitudes dignas de miúdos do preparatório que reviram uma sala por diversão, na Faixa de Gaza, mais uma vez, se vive um massacre e um conflito entre duas partes que, na realidade, nem sequer sabem muito bem porque lutam.

Honestamente, não importa quem começou, ou quem tem razão, porque após um massacre vindo dum armamento muito poderoso como o israelita, nada justifica o que está a acontecer e, na realidade, já ninguém tem razão alguma. O que está em causa são pessoas, essas sim, seres humanos, centenas de crianças, mulheres e homens, chacinados por causa de poder, por causa de um território, sob o pretexto de uma religião (ou mesmo que fosse por outra coisa qualquer), com audiência em camarote no próprio território e no auditório de um mundo inteiro que, na prática, continua a compactuar com uma guerra sem qualquer sentido. Não sai da minha cabeça a imagem de israelitas, povo que, supostamente, deveria seguir as leis de Deus, sentados numa falésia, a assistir, confortavelmente sentados em cadeiras, sorridentes e felizes, ao bombardeamento da Faixa de Gaza, enquanto os seus irmãos morrem.

Pior que isto, só mesmo o facto de não se sentarem à mesma mesa para encontrar a paz para uma situação que está a perder o controlo, com mais de 720 mortos na Faixa de Gaza em duas semanas e diversas acusações de abusos por parte dos militares, que parecem mais sedentos de sangue e cheios de raiva, atacando os civis de forma desmesurada. Contudo, também a comunidade internacional começa a ser vítima da sua própria estratégia, pois, apesar da ONU condenar a última ofensiva terrestre e de tentarem promover a paz, deixam-se dominar por um estado israelita, que controla financeiramente as elites políticas norte-americanas, dado que são os grandes investidores dos candidatos presidenciais, e que se coloca em frente a um mundo inteiro como se o tivesse nas mãos.

O mundo move-se pelo dinheiro, já sabemos disso, o grande ídolo, e, de alguma forma, tudo isto me faz lembrar a história de Moisés, trazendo pela primeira vez as tábuas com os dez mandamentos, vendo que o povo adorava um bezerro de ouro, na ira de o ver corrompido, partiu as tábuas e queimou o bezerro no fogo até se tornar pó e a esse pó colocou-o na água e deu-o a beber ao povo. A continuação da história faz-se da morte de judeus pelas mãos dos seus irmãos, familiares e amigos, três mil, segundo a Bíblia, e da subida de Moisés ao monte para se entregar a Deus como forma de expiar os pecados do povo.

Talvez devêssemos adorar menos bezerros de ouro e respeitar mais a integridade humana, defendendo não o poder mas sim que menos morressem por razões tão estúpidas quanto uma guerra.

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