Após a crise, a renovação: medicinas alternativas complementam as tradicionais

As medicinas não convencionais têm vindo a ganhar um crescente número de adeptos nos últimos anos. “A procura por parte dos cidadãos portugueses de terapias naturais intensificou-se nos últimos dez anos, levando o estado português a ponderar na elaboração de uma lei que enquadrasse as actividades das medicinas alternativas, bem como do exercício dos seus profissionais.”, afirma Fernando Diniz Baptista.

As terapias alternativas são cada vez mais uma alternativa aos tratamentos médicos tradicionais. Este conceito de medicina é reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e está previsto na lei portuguesa. São, segundo a OMS, “as terapias que não são utilizadas pela medicina convencional”.

De origem predominantemente oriental, estas terapias partem de uma base filosófica diferente da medicina tradicional e aplicam tratamentos e processos muito específicos de diagnóstico. As principais diferenças entre a medicina convencional e este tipo de terapias prendem-se com o conhecimento em que se baseiam, o tipo de atendimento e tratamento escolhido, a percepção dos sintomas e os meios de diagnóstico a que recorrem. Em Portugal, estima-se que um em cada seis portugueses revela ter já utilizado as terapêuticas alternativas, nas duas semanas anteriores a serem inquiridos, e pelo menos um em dois ao longo da sua vida. “No entanto, apesar da crescente procura da medicina alternativa em Portugal, há um vazio legislativo sobre esta matéria, o que permite o exercício desta medicina por pessoas não qualificadas para tal. Por outro lado, os profissionais formados por faculdades de medicina tradicional chinesa, por exemplo, de reconhecimento internacional, ficam ao mesmo nível dos charlatães, o que leva a que seja difícil distinguir a qualidade da impostura”, refere o pediatra Mário Cordeiro.

Medicinas alternativas: a complementaridade

Segundo a Ordem dos Médicos, existem cada vez mais pessoas a recorrer a terapêuticas não convencionais, pois existe uma consciencialização sobre o importante papel que estas têm vindo a desempenhar na resolução de várias patologias. No entanto, “a medicina tradicional vai ser sempre a principal fonte de tratamento para qualquer doença e estas medicinas alternativas e complementares vão funcionar como um apoio ao tratamento tradicional, ou seja, vão ser cada vez mais complementares ao tratamento convencional”, diz a redactora do Jornal Regional Generalista PQ-Porquê?, Carina Teixeira.

As diferentes terapias alternativas são, por vezes, apontadas como uma ameaça à medicina tradicional, mas, maioritariamente, estas são utilizadas de forma complementar à mesma. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em muitos países desenvolvidos, 70% a 80% da população já experimentou alguma forma de terapêuticas não convencionais. Em Portugal, são seis as terapias reconhecidas pela lei – acupunctura, homeopatia, osteopatia, naturopatia, fitoterapia e quiroprática -, mas a Ordem dos Médicos apenas reconhece a acupunctura.

“Porque os donos nunca desistem”: terapias alternativas chegam aos animais

Actualmente, hospitais, clinicas e consultórios já aplicam terapias complementares à medicina veterinária tradicional. Segundo a agência LUSA, existem “cada vez mais cães, gatos, ou cavalos a receber tratamentos de acupunctura, quiroprática, ou hidroterapia para aliviarem dores de velhice, ou doença aguda, porque os donos nunca desistem dos seus melhores amigos e procuram alternativas à veterinária tradicional”. A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Laurentina Pedroso, referiu, à agência LUSA, a “abertura” dos proprietários dos animais para realizarem estes tratamentos complementares, acrescentando a opinião da OMV, que os considera uma boa alternativa na ajuda de animais com determinadas patologias.

Considerando o crescente número de animais a receber tratamentos complementares, o congresso da OMV deste ano, que decorre entre 30 de Novembro e 01 de Dezembro, vai abordar temas como a reabilitação e a acupunctura. A bastonária, em declarações à agência LUSA, sublinhou a crença da ordem na importância destes tratamentos e relembrou que “no ano passado a Ordem promoveu no seu encontro de formação anual sessões formativas sobre acupuntura, homeopatia e fitoterapia”.

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