O prazer do desapego: Os minimalistas defendem que ter menos coisas cria mais liberdade. Minimalismo é muito mais do que um estilo de vida ou uma preferência estética. Compramos mais do que precisamos, mesmo que novos objetos signifiquem mais limpeza e manutenção, tal como novas peças de roupa significam caos e dificuldade de escolha. O segredo é simplificar!
Mais do que fãs do minimalismo das coisas, não deveríamos ser, sobretudo, do minimalismo das amizades?
Tal como a nossa casa, por analogia, a nossa vida social também se quer arrumada.
Como dizia Aristóteles: “Ter muitos amigos é não ter nenhum”. Na verdade, por muito prazerosas que sejam as nossas amizades, os verdadeiros amigos requerem dedicação e tempo. A sociedade atual, a velocidade do relógio sufoca-nos e gerir bem o tempo é fundamental.
Há uns anos, quando fazíamos amigos, íamos descobrindo as pessoas. Era um processo moroso, mas bem mais elegante e gracioso. Agora, está tudo escancarado no perfil online das pessoas. Numa fração de segundos, a curiosidade é rapidamente saciada, o que efetivamente retira toda a beleza da fase de conhecimento entre duas pessoas, uma vez que temos acesso a uma panóplia de dados referentes ao outro: Nome, agregado familiar, nome do cão, do gato, onde trabalha, a idade, aniversário, signo, o clube favorito e até onde e qual foi o seu almoço de ontem. Um verdadeiro docinho para os Voyeurs e Stalkers.
É inevitável sublinhar o “mau” exemplo das redes sociais, como uma antítese minimalista – ninguém pode considerar 2500 contactos numa rede social como amigos, uma verdadeira ilusão. Uma falácia. Certo, que muitos procuram estar rodeados de muita gente, de forma a mascarar alguma solidão ou o vazio da existência.
O conceito de amizade tem de ser algo bastante mais restrito, privado. Dai Sócrates ter dito que quem achar quem tem mais amigos verdadeiros que os dedos de uma mão, está completamente enganado. Tal não é possível, ninguém tem essa capacidade.
Coisas. Abrir mão de absolutamente tudo que não tenha utilidade ou de objetos obsoletos acumulados ao longo dos tempos. Tudo pelo sentimento de libertação e simplificação do nosso quotidiano. Então, parece fácil. Pára, decide e separa. Escolhe três caixas. A caixa para dar, outra para vender e a caixa do lixo. Reciclagem.
Pessoas. Então e toda aquela gente que nos rodeia ou coabita connosco nas redes sociais? Podemos usar aqui o minimalismo? Depende do grau de proximidade que queiramos manter, tudo é valido, desde que não confundamos contactos com amigos. Apenas isso.
Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas e chegou a uma conclusão reveladora: 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.
Os amigos verdadeiros são muito importantes na nossa vida, pois são eles que nos acrescentam alegria, paz e harmonia à nossa existência e, por isso, para cuidar e solidificar o conforto de uma amizade verdadeira, é fundamental dedicar tempo na manutenção e consolidação da mesma. Quem o consegue fazer, verdadeiramente, com dezenas ou mesmo centenas de pessoas? Ninguém!
Se não queremos ter amizades com deficit de genuinidade, atenção e dedicação, o que devemos fazer?
Teremos de usar algum minimalismo nas amizades, caso contrário, estamos a criar amizades minimalistas.