O amor é um problema matemático. Soa a equação de grau elevado em que nenhuma fórmula faz resultar. As soluções podem ser múltiplas e não ter abcissas a cruzarem com ordenadas. Um gráfico cuja análise se complica e não encontra uma correlação directa.
O amor é uma função que devia ligar um objecto a uma só imagem, mas na verdade choca com todas elas e multiplica-se em fragmentos de variáveis. As independentes conseguem ultrapassar todos os conjuntos de partida, mas as dependentes buscam, de modo incessante, uma chegada, a relação biunívoca que faça a relação binária encontrar a sua correspondente.
O amor é uma equação em que as variáveis não são apenas as que se supõem considerar. A primeira de todas é a busca de si, a necessidade de se conhecer e completar. Depois, quando pensa estar na posição conveniente, inicia a senda do outro meio, daquele que completa o eu, o que se acomoda naquele mesmo momento, no puzzle do todo que encontra uma chama a brilhar e que o incendeia.
Ai, o amor que é tão estranho e complexo fazendo com que nada bata certo e que tudo fique fora de controle. Não e só dar, mas sim igualmente receber. A vassalagem é somente uma palavra que não se enquadra neste campo vocabular. Não pode haver pressão nem qualquer obrigação. Somente vontade.
Tolo e descontrolado tomas as rédeas das relações como se fosse um exímio cavaleiro que cavalga em terreno pedregoso. Altivo, elegante e imbuído dum espírito de cruzada, vai soltando setas e flechas como se o alvo fosse algo de muito fofo e atraente. Depois, quando o falha e bate onde as consequências são desastrosas, afasta-se como se não tivesse tido responsabilidade alguma.
Ai, o amor que é tão doido e distraído que só está bem a quebrar os corações. Nem o melhor e mais seguro dos vectores, com as coordenadas ideais, lhe consegue dar a direcção e o sentido para que o encaixe consiga ser perfeito.