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A ocidentalização dos eslavos orientais

Há qualquer coisa de cativante no leste Europeu, nas pátrias dos eslavos orientais, a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. Seja pela imensidade geográfica, ao esplendor arquitetónico das maravilhosas cúpulas das igrejas ortodoxas, aliada a uma civilização ímpar, que pouco se assemelha à cultura latina.

É preciso conhecer estes países e contactar os seus habitantes, para sabermos que não podemos colocar os eslavos todos na mesma cesta e caracterizar-lhes a personalidade, os bielorrussos consideram-se mais abertos e jamais identificar-se-ão com os russos, nem os russos se manifestam admiradores dos ucranianos, ou vice-versa, e nem tem a ver com o recente conflito na Crimeia onde a Rússia tem a sua base naval do Mar Negro. Mesmo que na verdade, não sejam assim tão diferentes uns dos outros, como gostariam e afirmam ser, tal como um português não gosta que o confundam com um espanhol.

Durante gerações, os eslavos, sofreram autênticos atentados à sua existência, viveram guerras, fome, na maioria enfrentam temperaturas negativas, coabitaram com o perigo nuclear, principalmente Ucrânia e Bielorrússia que ainda têm marcas resultantes de Chernobil. A crise que a Rússia se viu deparada, durante a Guerra Fria, levou à pobreza do seu povo. Ainda hoje, em todas a famílias existem casos de alguém que na geração anterior morreu de fome, frio, ou na guerra. Isto explica a conduta mais rígida e dura dos eslavos, que acabaram por se tornar nas pessoas mais desconfiadas do mundo!

A particularidade da Rússia, vista como um lugar distante e inóspito, não se pode caracterizar de forma fácil, uma vez que a dispersão por 11 fusos-horários diferentes, desde a quente instância turística de Sochi até à imensidão gélida siberiana, são fatores que afetam a personalidade e lifestyle das pessoas.

Há um ditado russo, “Волков бояться — в лес не ходить”, que significa: se tens medo de lobos, não vás para a floresta. Ora, quem ousa visitar a Rússia, percebe que nas grandes cidades, ninguém se respeita na estrada, o trânsito em Moscovo é brutal e hostil, nas cidades pequenas usar cinto de segurança, não é uma atitude bem vista. É como se desconfiássemos da segurança deles! Parar nas passadeiras também não é um ato muito frequente, é bastante provável apanhar um motorista de Uber/Yandex desleixado, que fale 5 palavras de inglês e que fume deliberadamente sem autorização. Um país de liderança autoritária, de população desregrada, mas afável. Bem-vindos à Rússia!

Poderá parecer, que se pinta um quadro negro, no entanto, na Rússia, sabemos com o que podemos contar, não há meio-termo, as pessoas não dizem uma coisa e fazem outra, como os latinos, lá é “What you see, is what you get!”. Se fazes um acordo com um russo, esse acordo é indubitavelmente cumprido, sem receios, se algo lhes incómoda, eles não sorriem e para depois falarem mal por trás, podemos contar com uma resposta firme e imediata. Esta postura reta e sincera, difere em absoluto com a dos ocidentais, mais incoerentes, instáveis e as vezes hipócritas nas relações interpessoais.

Embora tradicionalmente, a Rússia seja um país predominantemente de religião ortodoxa, podemos encontrar apologistas de outras orações, como budistas e da igreja católica. A liberdade de culto e a tolerância religiosa existe na Rússia, talvez como em nenhum outro lugar do mundo. As celebrações de nascimento, batizado, casamento, são bastante diferentes do mundo ocidental, as cerimónias são bem mais alegres, recheadas de curiosos rituais e de danças coletivas, onde todos os convidados participam. Por exemplo, na Páscoa, esqueçam a tradição ocidental de coelhos e ovos de chocolate, pois nos países eslavos a festa é feita com recurso a ovos pintados e o kulitch, um típico bolo de Páscoa.

A imagem estereotipada que temos, vendida pelos média e Hollywood, da máfia e guerra presentes, embora elas existam, só muito particularmente é que um turista poderá experienciar algo do género, eles sabem receber muito bem, apesar da insuficiente preparação na língua inglesa. São bastante orgulhosos e ficam honrados, quando um estrangeiro, tenta-se exprimir em russo.

Sempre existiu uma postura política orgulhosa de diferenciação do mundo ocidental, que também se reflete nas redes socias, tipicamente os eslavos orientais usam as redes sociais VKontakte e Odnaklassic, esta última significa algo como “colegas de escola”. Contudo, a verdade é que o Facebook e Instagram têm crescido em popularidade e seguidores a oriente.

Os contrastes sociais na Rússia são gritantes, cerca de 90% da riqueza está em 10% da população, o cidadão comum tem poucas possibilidades, mas vive acima delas, tudo pela imagem, obcecados por carros e adornos de marca. A educação, decência e boas maneiras são princípios fundamentais da sua cultura, incutidos como formação, são realmente valores importantes, e são práticas quase sempre habitual nesta nação, mas pecam pelo preconceito e pela discriminação no género e orientação sexual.

De acordo com o mito urbano, os homens eslavos são arrogantes, brutos e alcoólicos. Na verdade, onde há um evento, seja um aniversário, sessão de karaoke, ou onde quer que esteja um grupo de russos, eles estão com a mesa carregada de garrafas de Vodka e copos vazios, não é brincadeira, principalmente se vos for oferecido e ousarem negar, será visto como um ato de cobardia. O homem é o principal defensor do lar, a mulher mantém a casa e é mãe e esposa. Oscilam entre um trato viril e indelicado, com uma pitada de submissão, podem até ser verdadeiros cãezinhos para com as mulheres, eles obedecem e fazem tudo por satisfazer os pedidos mais extravagantes que elas tenham, mas depois do encanto da “lua-de-mel”, muitos podem-se revelar mais grosseiros.

A percentagem de mulheres é muito superior nos países da Ex-URSS, muito devido às guerras e contrariedades sociais do passado, por isso, muitas tem dificuldade em encontrar um parceiro. As eslavas prezam bastante o conceito de família, mas acabam por não ter mais do que um ou dois filhos. Estereotipadas como tendo pele e cabelos claros, altas e magras, usualmente belas por natureza, têm a agravante de cuidarem bastante a sua imagem. Para conquistar uma mulher eslava, é determinante possuir um bólide alemão, vestir um belo fato italiano, e por fim oferecer-lhe uma tonelada de flores. Elas não gostam de se ver aprisionadas, são independentes, sociáveis, espontâneas e abertas. Como diz o ditado francês: “On ne peut avoir le beurre et l’argent du beurre”. Amam ostentação, o luxo e tudo o que de bom que o dinheiro possa comprar. Nas redes sociais, exibem ramos de flores nas mãos, como trofeus, e publicam fotos com um BMW, isto é um “must-to-have”, dá-lhes uma sensação de prestígio.

Os eslavos têm muita admiração pelos povos ocidentais, pela sua cultura, arquitetura, pela gastronomia e danças latinas, muitos têm o desejo de viajar ou viver em países como França, Itália ou Espanha, garantidamente a maioria sente-se mais atraída pelo espanhol, do que propriamente pela língua inglesa.

Da Rússia com amor? Sim. Existe uma tendência evidente de aproximação ao ocidente, pelos eslavos orientais. Eles ambicionam visitar e alguns viver num clima quente e capitalista, onde tenham a possibilidade de realizar todos os sonhos que possuem. A globalização, tem possibilitado a integração entre civilizações distintas, devemos aproveitar para absorver o melhor de cada cultura, numa evolução conjunta. Que saibamos acolher estes amigos tão bem, como eles nos recebem. Privet slavyanskiy!

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