A Mosca 2 (1989)

Quando eu era um pedaço de gente, vi um filme na televisão (provavelmente sem vigilância parental) que deixou marcado na minha mente para sempre como a coisa mais horrífica e mais fixe que alguma vez tinha visto na minha curta vida. Só muitos anos mais tarde, já adolescente é que descobri qual era esse filme que me tinha deixado uma impressão tão forte: “A Mosca”. A cena? Quando Seth Brundle (Jeff Goldblum), a meio da transformação de homem para inseto, entra num bar e desafia dois homens a um braço-de-ferro, deixando um deles com o osso do pulso fracturado e completamente de fora. Esta cena ainda me deixa, hoje em dia, de boca aberta com o impressionante realismo. Estamos a falar de um filme produzido em 1986!

Fazemos fast forward para um tempo mais recente, quando me dei conta de que existia uma sequela: “A Mosca 2”! Tenho sempre muito receio em ver sequelas, principalmente de filmes dos quais tenho tanto respeito. Desiludi-me com o “Rei Leão 2” (apesar do terceiro ter salvo a situação) e fiquei para sempre com esse trauma. Foi, então, sem grandes expectativas que decidi alugar o DVD (sim, na altura, os Clubes Vídeo ainda estavam na berra).

A trama começa onde acaba a do filme original. Veronica grávida do filho meio-mosca de Seth, morre no parto. O que ao principio parece um casulo de inseto, acaba por revelar um bebé humano perfeitamente normal. Ou pelo menos aparentemente, já que este cresce tão rápido que ao fim de cinco anos já é um jovem adulto. A criança é mantida cativa num laboratório, cuidadosamente observada por cientistas que não gostam particularmente dele e só o vêm como uma experiência, apesar de demonstrar uma inteligência incrível e uma curiosidade cativante pelo pequeno mundo que o rodeia. É ainda num estado de criança que descobre os Telepods que a Bartok Industries mantém, na tentativa de continuar o que o seu pai começou. Aqui assiste horrorizado como testam a fusão molecular entre animais, incluindo um cão de que se tornou amigo. Quando dois anos mais tarde vem a descobrir que mantêm o animal moribundo vivo, decide dar-lhe o golpe de misericórdia. Este momento despoleta no jovem Martin Brunden (Eric Stoltz) um sentido de revolta e a necessidade de saber mais sobre o seu passado.

Apaixona-se pela estagiária Beth Logan (Daphne Zuniga) e, tal como o pai e a mãe, juntos dão continuação ao trabalho com os Telepods, já que nenhum outro cientista conseguira avançar durante os cinco anos desde o seu nascimento. É, então, que alcançado a maturidade, o seu lado mosca ganha mais força e começa a metamorfose de homem a insecto. Na busca pela cura, depara-se com a verdade sobre o seu pai e que o homem em quem mais confiava, Anton Bartok (Lee Richardson) ,o tem manipulado esperando pacientemente que se fizesse a completa transformação, para ser o protótipo de uma nova era de armas biológicas.

É no culminar da ação, tendo a metamorfose finalizada, que Martin, agora A Mosca, vinga-se da maneira mais gore possível de todos aqueles que o usaram e maltrataram durante a sua vida entre quatro paredes. Num final memorável, o mau da fita acaba por proporcionar a cura a Martin que volta a ser humano, tornando-se ele a besta moribunda enjaulada num laboratório.

O filme, visto na perspectiva de um clássico dos anos 80 e comparando-o ao original, é de uma qualidade fascinante. Muito poucas são as sequelas que me deixam assim, entusiasmada, quando conto o seu argumento. Apesar de lhe faltar o carismático charme que Jeff Goldblum sempre traz às suas personagens (veja-se Ian Malcolm aka the chaos guy em “Jurassic Park”), não obstante, o filme aguenta-se forte e confesso que a nível de gore está até melhor do que o original.

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