Amor. E assim poderia começar e rematar este texto. Palavra envolta de sensações transversais nos tempos, na história e em todas as civilizações. Poderia escrever um poema tão simples como: ‘Amor’ e nada mais. Uma pequena palavra que arrepia, fazendo mergulhar numa introspecção de sentidos altruístas que fazem comandar os nossos estados anímicos.
A definição de amor concentra o mais ambíguo e misterioso dos conceitos.
Na mesma medida que existimos, amamos. De tal forma e dimensão, que os grandes filósofos e poetas da história dos homens, se dedicaram a tentar decifrar o conceito de “amor”. Palavra de elevação épica pela voz dos mais astutos na expressão por vocábulo.
A sua semântica parece ter sido concebida para uso dos Deuses. Dotada de energia que faz estremecer os sentidos, “amor” deriva do latim, escrevendo-se, precisamente, amor. Desde então, o sentido da palavra manteve-se inalterado, relacionando-se com as emoções humanas de afeição, sentimento de carinho, paixão e grande desejo.
A poetização do amor acontece dentro de cada um, porém e acima de tudo, de quem assume amar e saber o que é isso de “amor”.
Amor sente-se, não se define.
Quem diz saber o paladar do amor, decifra-o como uma completa sensação de borboletas na barriga, que se espalha para todos os sentidos, percorrendo todas as células, cada fio de cabelo, dominando todas as sinapses que comandam a vida no corpo. O coração entra num frenesim de batimentos mais intensos e acelerados.
Quase que um estado de transe é assumido, com um imenso prazer, por tudo e por nada, somente pela presença ou existência do objecto de amor.
O amor é tão misterioso, ao ponto de deixar a racionalidade de lado. Não se escolhe o objecto de amor, não se elege, simplesmente se instala dentro da existência de alguém. Assim, se amam de todas as formas e feitios, uma vez que o amor não escolhe padrão, nem responde a planos pré-concebidos.
Como um silencioso pincel, o amor, faz deslizar no âmago de cada um, como um potente conjunto de cores invisíveis, que dão mais coloração aos sentidos que o próprio espectro solar.
E depois?
Teimosos que somos, insistimos em encontrar expressões para o inexprimível. Porém, se assim não fosse, amar deixaria de ser a sublime matéria-prima para poetas de todas as artes.
Depois de alguns momentos de reflexão, o amor, deixa confusos os mais sóbrios e alheios a este sentimento. Todavia, na mesma medida que ilumina a vida e aquece as sensações, tem o poder de despolarização quase instantânea, levando ao inverso dos sentimentos, fazendo experimentar os pólos opostos, sempre em resistência hipnótica aos motivos que fazem amar e elevam esse sentimento, o Amor.
Por que o Amor não se ensina, instala-se no peito, como um cativante companheiro, comandando magicamente toda a sabedoria, não obedecendo a normas, modelos, classes sociais, nem mesmo a padrões de beleza.
Mais que um querer para si, este sentimento ensina o que é isso de querer o bem do outro. Ensina a respeitar atitudes, perdoar acções, dar oportunidades como bónus num jogo sem fim. Ensina a sensação de ‘coração cheio’, mas ensina também o que é a solidão.
Mais que um querer para si, pressupõe um apurar da inteligência emocional, ensinando a manobrar as vontades e desejos.
O Amor é um professor da sabedoria emocional. O Amor é um escultor, talhando na pessoa que o sente, uma obra prima de nobres emoções e sentimentos, que o fazem reflectir e crescer dentro de si mesmo.
O Amor é um gladiador que luta isolado na arena, com todas as feras que o ameaçam, fazem ferir, porém, tornando o índivíduo de força interior aprimorada. O Amor torna guerreiro quem nunca o quis ser.
O Amor é como um morango. Vermelho, saboroso, que vinga sob o escaldante sol, escondido entre folhagens largas, rentes ao chão e à mercê de ervas daninhas. O Amor é como um cogumelo. Nasce só, entre carumas, chuvas de lágrimas e fofos tufos de musgo, numa floresta encantada que não sabíamos existir em nós.
O Amor é como um rio. Corre, contorna pedras e obstáculos, cresce, afunda, cria praias tranquilas, com o propósito inabalável de chegar à foz que o acolha fundindo-se com outras águas que lhe completem a química de existir.
O Amor é tudo. Tudo muda de forma e dimensão.
O Amor é nada. Feiticeiro incolor que dá outro brilho ao olhar.
Química do Amor
Contudo, é mesmo verdade. O amor pressupõe um complexo mecanismo digno de tratados de anatmo-fisiologia.
Obstinados, como são, os curiosos cientistas dedicam-se ao estudo do amor sob a forma “cientificamente comprovada”. Ainda que, quem sente amor, se está borrifando para as teorias que lhe aceleram o coração e o sangue nas veias.
Muito além de uma intensa experiência emocional, o amor resulta de um processo biológico hormonal, capaz de afectar profundamente a psique humana.
O estado de atracção por alguém, resulta da libertação química, de hormonas, conduzindo a estados de paixão, sendo o primeiro degrau da escalada do amor. Adrenalina, dopamina e seretonina, são as principais hormonas responsáveis pelo sentimento de amor por alguém. Cada uma com funções distintas, levam ao cocktail perfeito deste sentimento.
Boca seca, palmas das mãos suadas, aceleração cardíaca, são o resultado da acção da adrenalina. A esta junta-se a dopamina, cuja acção cerebral se assemelha ao da cocaína, pelo desencadear de ondas de prazer, mecanismo conhecido como o “caminho da recompensa”, sendo um dos fenómenos do amor, mais estudados desde a década de 50. Por sua vez, a serotonina é responsável pelos estados anímicos de que sente o amor.
A atracção física inicial é causada pela acção de androgénios e estrogénios. O amor romântico que então se desenvolve, tem muito em comum com o desejo obsessivo, sendo alimentado por altos níveis de dopamina e norepinefrina e baixos níveis de serotonina.
A terceira fase de fixação estável a longo prazo, é causada pelas hormonas oxitocina, “conhecida como hormona do abraço”, e vasopressina.
Assim se afiguram ligações muito prováveis entre o estado de amor, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), sendo causados por um processo químico semelhante. O amor romântico, é caracterizado por baixos níveis de serotonina, assim como a depressão e o TOC são, também caracterizados por baixos níveis desta hormona.
As razões primárias que responsáveis pelo desencadear deste fenómeno, é o tema de discussão entre os cientistas.
Haja Amor!
As teorias energéticas, teológicas e esotéricas, tomam também aqui a palavra, escrevendo tratados sobre os responsáveis pelo nascer de um amor. Prometido no além do tempo, vindo de outras vidas, ou meramente humano neste corpo, a verdade é que, entre a existência da humanidade, está oficialmente instalado o Amor.
O Amor, pelo mistério que envolve, pelas sensações que desencadeia, pela transformação que é capaz de fazer num indivíduo, é o mais considerado o mais nobre dos sentimentos.
O Amor move tudo.
O Amor move as artes.
O Amor move, dá cor a quem não vê.
O Amor move rios e montanhas.
O Amor move o corpo e a Alma.
O Amor move, até, aqueles que não podem andar.
O Amor move, até, o impossível… até que aconteça!
Luz e sombra.
Calor e frio.
Sol e lua.
Yin e Yang.
Sorriso e lágrima.
Assim se é o Amor.
Amo-te Por Todas as Razões e Mais Uma
Por todas as razões e mais uma. Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém. Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.
Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem. E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga. E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.
Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura. Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez. E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer. E porque te conheço e porque me conheço. E porque te adivinho. Estas são todas as razões.
Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu.
– Joaquim Pessoa, in Ano Comum
Linda interpretação, reflexão sobre o AMOR.
Partilho desses pensamentos, daqueles que despertam sentimentos de paz, de harmonia primeiro connosco e, de forma contínua , com os outros, chamem-lhe parentes, amigos, vinhos , grupos, sociedade, … gente!
O amor faz a paz e a guerra, por ele de arrancam das entranhas forças que, como diz o povo, “movem montanhas”, faz atravessar os oceanos em busca de um abraço, de um beijo, de felicidade ( que é isto de felicidade??), desperta i idílico da imaginação para se concretizar em perene realidade, faz desbravar o universo, querer ser e estar mais além , próximo, seja de um paixão ou de D-us, fomenta a arte e dá-lhe forma, crispa o vento e nele grava mensagens na esperança de atingirem a fece do tantas vezes oculto.
O Amor inspira o poema e a lágrima, faz corar as faces e deleita-se no mel da sedução, plasma-se no tacto, no cheiro, no suor dos corpos, esculpe a pedra e a fantasia, dá mais ternura à melodia e é oásis no deserto da solidão onde se refresca na água palpitante do coração despertado.
Ah o Amor!