5 grandes razões para ver a série Borgen

Aclamada um pouco por todo o mundo, Borgen (ou, em português, Castelo) joga certamente no mesmo campeonato de séries já consagradas como House of Cards, ou The Newsroom. A série constrói-se à volta de Birgitte Nyborg, líder de um partido centrista dinamarquês, um partido menor na coligação pré-eleitoral de esquerda. Por força de circunstâncias estranhas e de jogos de bastidores, Birgitte torna-se na candidata mais forte, levando-a a vencer as eleições e a ser eleita primeira-ministra.

É bem mais realista que as séries diretamente concorrentes

Em House Of Cards, por exemplo, há um exagerar no que toca a esquemas e reviravoltas muitas vezes quase inconcebíveis – a política faz-se de grandes golpes. Em Borgen, a mensagem que é passada é precisamente a contrária: a política faz-se de pequenos esforços. No entanto, por vezes, faz-se também de pequenos golpes, sempre necessários. É o “ser-se profissional”, como afirma a protagonista da série, quando se vê obrigada a demitir o seu braço direito no Governo, perante as exigências dos outros partidos na coligação governamental.

Borgen é uma série mais próxima da realidade, mas que conta com muitos personagens idealistas, que várias vezes se confrontam com o dilema entre ser-se pragmático e fazer o que tem de ser feito, ou ser-se idealista e suportar potenciais consequências, maior parte das vezes, desagradáveis.

Vemos uma realidade diferente da nossa

De facto, o que se nos apresenta no ecrã não é nada próximo do mainstream americano e, muito menos, uma realidade parecida à nossa. A sociedade dinamarquesa é bastante diferente da nossa. Existe, em geral, uma conduta ética e moral mais séria do que cá. Basta ver os rankings da corrupção e de funcionamento da Justiça, onde a Dinamarca surge nos primeiros lugares, enquanto Portugal ocupa os lugares do meio da tabela para baixo (quando não está perto do fundo).

Por exemplo, no início da série, vê-se a primeira-ministra (na altura ainda deputada) a ir para o Parlamento de bicicleta. Na Dinamarca, os deputados e restantes governantes consideram-se funcionários públicos e, como tal, julgam não ter autoridade moral para serem beneficiados com regalias especiais e injustificadas.

Um dos protagonistas é mulher – e é Primeira-Ministra

Que me lembre, esta é a primeira série televisiva sobre política, onde os holofotes estão todos sobre uma mulher (Sidse Babett Knudsen, ou Birgitte Nyborg ,na série), que desempenha o mais alto cargo público da Dinamarca – é primeira-ministra. É-nos dada uma visão do poder que é bem mais interessante do que o olhar masculino. Estamos perante um rigor e uma integridade muito mais sedutores. A série foi pródiga em antever o que se ia suceder um ano após o início da sua transmissão: a eleição de Helle Thorning-Schmidt como a primeira primeira-ministra da história da Dinamarca. Terá a série influenciado o resultado das eleições? Adam Price, produtor da série, diz que não, mas acredita que, depois de ter-se abordado na série vários temas tabu, estes (re)começaram a ser discutidos pela opinião pública, nomeadamente o caso da discussão das políticas migratórias.

É feita de gente aparentemente “normal”

Este, parece-me, é o ponto fulcral, distintivo desta série. Agarra-nos ao ecrã o facto de as personagens serem bastante reais. Ou seja, é fácil identificarmo-nos com uma, ou várias personagens e encaixá-las num segmento social do nosso quotidiano – nada é demasiado ‘estratosférico’, distante das pessoas ditas ‘normais’.

É um produção DR (Danmarks Radio)

A DR é a estação pública de rádio e televisão da Dinamarca. No que toca a conteúdos televisivos na área de entretenimento/ficção, a mesma estação possui um currículo apreciável. Produziu a série The Killing (com uma reputação notável perante a crítica) e, por duas vezes nos últimos 15 anos, o Eurovision Song Contest, um em 2001 e outro no ano passado, considerado pela crítica como um dos melhores de sempre e que contou com a participação de Pilou Asbæk (um dos actores da série), enquanto co-apresentador do concurso. Por isso, só há que confiar nos dinamarqueses no que toca à produção de conteúdos televisivos.

 

Adicionemos a tudo isto uma extraordinária banda sonora (da responsabilidade de Halfdan) e estamos perante uma obra intelectualmente estimulante, que contraria tudo o que é feito por cá. A crítica tem sido tão favorável que até se fala que a NBC (National Broadcasting Company – estação televisiva americana) poderá comprar os direitos da série televisiva para realizar uma adaptação à realidade americana.

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