A nossa vida diária é composta de tantas rotinas, hábitos e constantes repetições de posturas e comportamentos, que quase nos transformam em autómatos, esta rotina consegue absorver e escamotear qualquer eventual beleza da maior parte dos nossos gestos diários, que deveríamos valorizar e apreciar, porque bem sabemos, estamos a prazo nesta vida, e apesar de sabermos, esquecemo-nos frequentemente disso.
É complicado encontrar poesia nas palavras quando se escreve sobre situações limite, como é o caso do desemprego e a frustração de se lutar numa contenda injusta, que tem um elo mais forte e que tudo pode contra os elos mais fracos, de quem ninguém se compadece e contra os quais, todos tem sempre uma opinião, ou algo mais que dizer.
Pode ser complexo encontrar beleza na vida destas pessoas, que pelas mais diversas razões ou motivos, de repente viram o seu caminho profissional ser interrompido, e muitas vezes a vida revertida numa soma de dias iguais sem grandes projetos de futuro.
E nem sempre é fácil transformar uma dificuldade numa oportunidade!
Fácil é falar mal e opinar sobre tudo e todos. É verdadeiramente muito fácil criticar, avaliar e emitir os mais distintos disparates sobre qualquer que seja o tema, mas se for sobre a vida dos outros ou sobre as suas posturas, atitudes ou formas de vida, então ainda se torna muito mais apetecível.
No entanto, os que têm a bênção e a oportunidade de trabalhar e de se permitir manter no caminho do desenvolvimento do nosso país, a esses que se preservam ativos e dinâmicos no mercado de trabalho, também por vezes acontece perderem a motivação
Porque as tarefas são as mesmas, o reconhecimento das chefias também, e desmoralizamos ao perceber que quem muitas vezes é reconhecido e valorizado não é competente, ou nem sequer se preocupa com o que devem ser os seus deveres e funções.
E nestas circunstâncias, o que fazemos quando já não sentimos vontade de continuar a fazer as mesmas tarefas de sempre, com a mesma cara alegre, disponibilidade e competência?
Bem, nestes casos, acredito que temos mesmo de nos reinventar e encontrar em nós formas subtis de nos auto motivarmos e encontrar a razão para continuarmos a ser competentes e eficientes, ainda que não sejamos reconhecidos ou valorizados por isso.
O importante é o nosso brio e a forma polida e competente como desempenhamos as nossas funções, e é nestes aspetos que nos devemos focar.
Outras situações há em que o que acontece é que deixamos de gostar das tarefas que fazemos. Nestes casos, qual é o segredo para encontrar a motivação, se a mesma se vai reduzindo e esvaziando de dia para dia?
Ou é possível a troca de funções, ou somos ambiciosos e arriscamos a mudança, necessariamente correndo risco e ameaçando a nossa estabilidade financeira, mas o que é certo é que ou se arrisca na mudança, ou caso contrário, há que encontrar forma de ser feliz fora do ambiente de trabalho, assumindo-o como o obrigatório exercício de funções necessário à nossa inevitável subsistência financeira.
Pois, teremos de encontrar outras motivações para sermos felizes, porventura na nossa vida pessoal, permitindo que a vida privada, fora do universo profissional seja o nosso maior alicerce.
O importante é o nosso brio e a forma polida e competente como desempenhamos as nossas funções, e é nestes aspetos que nos devemos focar. E o rigor, o carinho e a dedicação que colocamos em tudo o que fazemos serão sempre o melhor reflexo do que somos enquanto seres humanos, eles espelham de modo indelével o que somos como pessoas.
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