Uma Viagem ao Castelo de Lejondals

Por mais bem-intencionados que sejamos, alguém acredita que, ao enviar um colaborador à Suécia para um workshop sobre seguros de energia, mais concretamente a Estocolmo, e se quisermos ser mais precisos, para um castelo à beira de um lago semi-isolado da civilização, ele vai tirar algum tipo de rendimento?

Claro que vai: eu tirei, um frio do ca%&*#lho em pleno mês de Fevereiro, noite às quatro da tarde e uma aventura bem passada com o António, o Luís e a Carla.

Havia pisado solo sueco pela primeira vez seis meses antes, quando fui “marcar território” a Malmo, aquando da viagem a Copenhaga, e colocar um visto no quadradinho do país dos ABBA. De Estocolmo haviam-me dito maravilhas, só que nós íamos ficar nos arredores. Após quatro horas de voo onde nos serviram uma micro-sandes e duas bolachas com uma bola de queijo, chegámos muito a tempo do jantar (“de boas vindas”) com um convívio ameno em bar aberto. Nos três minutos a pé que durou o regresso ao chalet, junto do lago, por pouco não me caía a ponta da penca, com a temperatura a equilibrar-se nos 0 ºC.

Escrevi à janela, virado para o lago imaginado que a noite escondia e na manhã seguinte despertei cedo e foi o sonho: uma fina camada de gelo cobria o Lejondalssjon (viria a saber mais tarde que era fina, ao perguntar, no castelo, se podia pisar) e pude-me demorar por ali, como se passeasse no cenário de um filme fantasmagórico (percebi porque é que estes tipos são meios chalupas, com tarados, psicopatas, bêbedos e deprimidos: com noite e frio, este enquadramento convida mesmo a uma bebedeira e um assassinatozinho).

Sobre o curso, não me lembro absolutamente de nada! Estávamos no início da era Covid e por cá a directora geral de saúde dizia que o vírus não ia chegar a Portugal. Na Suécia já havia um caso ou outro, mas nada que assustasse. Furtámo-nos ao almoço do último dia para irmos conhecer Estocolmo: uma desilusão, pelo menos face à expectativa que eu levava na bagagem. Não fosse a companhia e os pins que comprei para oferecer (e que ainda hoje não sei onde os pus), e diria que fui a Estocolmo rapar um frio do ca%&*#lho e torrar 22€ num hambúrguer ressequido.

As viagens profissionais valem por estas modernices: os cagões chamam-lhe networking; eu chamo turismo, mas agradeço o eufemismo, caso contrário, dificilmente nesta vida ou até mesmo na próxima eu colocaria os cotos no Castelo de Lejondals.

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