Um sorriso eterno

Diz-se que é preciso olhar para os mais felizes, observá-los e aprender com eles. Numa altura em que vários estudos apontam que 40% da nossa felicidade se prende com escolhas que fazemos para sermos felizes, há uma grande questão que se levanta: porque temos tanta dificuldade em fazer essas escolhas? Em média, o que as pesquisas mostram é que 50% da nossa felicidade é genética, 10% tem que ver com o contexto em que vivemos e 40% com opções pessoais. É tudo uma questão de olhar para os números e procurar dar um sentido, uma base objectiva, coerente e sentimental ao nosso universo interior.

Portanto, o que é que faz a diferença? O quão despertos e conscientes estamos para sermos felizes. O que acontece é que não temos tempo para escolher e reagimos ao que o mundo exterior nos impõe, não fazendo escolhas conscientes. Temos de dar um passo atrás e reflectir. É preciso tempo e espaço. Precisamos, portanto, de algo que nos lembre que somos felizes e boas pessoas. Precisamos de nos elevar, ao ponto mais alto de uma índole deslumbrante, ao apanágio da nossa essência, ao sorriso eterno de um amor infinito pelo mundo.

O objectivo passa por nos desligarmos do supérfluo. A primeira coisa para renascer é permitirmo-nos recuperar, não só por palavras mas por acções. Precisamos, para isso, de um propósito na vida. Albert Camus, o filósofo existencialista francês, a dada altura, a respeito desta temática, frisou que tudo era uma questão de escolha. Ao escolhermos ser nós próprios, assumimos a responsabilidade pelos nossos êxitos: nada será fruto de um mero acaso, vazio e sem sentido.

Decerto, podemos escolher comprometer-nos com uma causa. Porque a forma como os educamos vai no sentido de evitarmos as experiências/emoções negativas: não só o que mostramos ao mundo, mas o que admitimos a nós próprios. É tudo uma questão de reconhecer aquilo que está entranhado em nós, no ímpeto mais profundo e obscuro, e dar-lhe voz, um sentido, uma forma, uma expressão – realista e genuína – da nossa essência.

Assim, ao agir com tranquilidade, tornamo-nos mais produtivos, temos melhores relações, vivemos mais tempo. A solução passa, portanto, por buscar a felicidade indirectamente. Não nos preocuparmos com a felicidade, mas procurarmos um sentido para aquilo que fazemos. Desta forma, aproximamos mais de nós mesmos, do mundo, daquilo pelo qual faz sentido crescer humanamente, pelo propósito fundamental, pela raiz da nossa sensibilidade, pelo amor que temos pela humanidade e pelo universo (imaterial).

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