
“Once in a long, long while” é o mais recente álbum dos Low Roar, o projeto de Ryan Karazija que se iniciou em 2010, na Islândia. Se é certo que o registo do projeto já habituou o público a viajar por lamentos e devaneios de tristeza, este último disco remete ainda mais para um momento de análise profunda e um qualquer processo de cura que o vocalista estava a precisar de “deitar cá para fora”.
As letras carregam uma resignação perante algumas perdas da vida amorosa de Karazija. Em alguns casos, aparentemente, é como se os desfechos não tivessem sido escolhidos por ele (“I’m stuck, I’m fucked”, em Poznan); noutros, o poema aproxima-se mais de um exercício de superação, apenas possível através do ato de aceitar o término de algo que não podia ir a mais lado nenhum (“And it’s hard when you come/ To realize someone’s/ path is headed elsewhere in life/ So baby walk your way/ I’ll walk mine”, em Gosia).

Há alguns destaques positivos: Don’t be so serious, que é a faixa que abre o álbum, tem uma progressão viciante, que relembra, embora de uma forma muito mais dark (em consonância com o resto do disco), o tipo de elevação melódica que já se conhece dos Low Roar; St. Eriksplan, por outro lado, inicia-se num registo acústico, muito mais calmo, mas que também progride e, lentamente, se vai tornando numa canção muito bem preenchida e conseguida; por último, Give me an answer, a quarta faixa do álbum, que apresenta aquele que é, talvez, o melhor refrão do repertório – é uma canção cheia de atitude, com batidas que nos prendem os tímpanos até ao final e nos orientam para um estado de completa absorção.
Crawl Back e 13 são as duas faixas totalmente instrumentais do álbum. Nenhuma delas é memorável, infelizmente. Contudo, há ainda uma faixa oculta (hidden track) – I won’t be long – que vale a pena ser descoberta. É com ela que o álbum realmente se fecha, numa conclusão que não é propriamente otimista (“I’m alive/ but I’m paralysed”), mas que, instrumentalmente, encerra de uma maneira revigorante e cheia de energia. Esperemos que, com essa energia em mente, o próximo álbum dos Low Roar seja o resultado de um processo criativo menos doloroso. Como sempre, isso depende de como correr a vida de Ryan Karazija, mas sabemos que a genuinidade é garantida – o que mais podemos pedir?